O ignóbil comportamento do governo húngaro em relação à situação dos
refugiados vem mais uma vez demonstrar que a forma apressada como a maior parte
dos países do leste foi integrada na União Europeia foi um dos maiores erros
dos últimos anos.
O comportamento desumano do governo húngaro, que tem o apoio de cerca
de 2/3 dos húngaros, enquanto a maior parte do restante terço apoia partidos
ainda mais extremistas, é a prova cabal que à Hungria faltam dois pilares
fundamentais que estiveram na origem da União Europeia, a defesa dos Direitos
Humanos e a componente solidária.
Os países do leste foram integrados apressadamente na União Europeia,
por pressão da Alemanha, receosa de um novo renascimento da Rússia, ao mesmo
tempo que beneficiava de uma mão-de-obra barata mas qualificada, recriando,
noutros moldes, o seu domínio sobre o chamado “Espaço Vital” no leste da
europa, que esteve na origem do sonho hitleriano de dominar a Europa.
O carácter maioritariamente racista e xenófobo que caracteriza as
elites políticas desses países, que já tinham revelado a sua falta de
solidariedade para com os países do sul na “crise” financeira inventada pela banca
alemã, veio agora ao de cima com a actual crise dos refugiados, atitude que é
também uma prova do falhanço do chamado “modelo socialista” do ”homem novo”
artificialmente imposto a esses países no pós segunda guerra pela União
Soviética.
Esses países fizeram uma reciclagem apressada desse modelo para um capitalismo
selvagem dominado por máfias financeiras e outras, e dirigida por antigos
burocratas “comunistas” convertidos ao “novo capitalismo”.
Em comum, na transição desses países do modelo “socialista” pata o
modelo “capitalista”, está a falta de escrúpulos, a corrupção, a falta de
humanidade e o desrespeito pelas pessoas, que agora veio ao de cima com esta
crise dos refugiados.
À Europa, se quiser salvar a face neste drama, só lhe resta um passo
que é convidar a Hungria a sair da União Europeia, por desrespeitar princípios fundamentais
da construção do projecto europeu, atitude que teria um efeito dissuasor sobre
outros países do leste que procuram seguir a Hungria na caminhada racista e
xenófoba, como são os casos da Polónia, da Eslováquia e dos países Bálticos, entre
outros.
Aqui fica a nossa sugestão para se criar um forte movimento de cidadãos
europeus para propor a expulsão da Hungria da União Europeia, a não ser que
mude rapidamente de atitude.
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