Ficou-se ontem a saber que o deficit de 2014 ascendeu aos 7,2.
Em 2011, a troika entrou em Portugal, por pressão do Presidente da
República, do PPD/PSD , que fez questão de ir “além da troika”, do Governador
do Banco de Portugal, dos banqueiros , da generalidade dos comentadores de
economia, das agências de rating, de alguns ministros de Sócrates (Teixeira dos
Santos e Luís Amado),porque o país tinha
atingido o deficit de ….7,4%.
A justificação para as medidas de austeridade visavam, segundo os seus
defensores e as instituições europeias, reduzir o deficit e a dívida externa.
Recorde-se que, em 2011, a nossa dívida externa era de 84,7%...
Em 2014 estava, segundo dados provisórios, nos 102,5%, com tendência a
aumentar.
Ou seja, austeridade e a troika falharam em toda a linha, agravando o
que pretendiam combater e só não obteve resultados piores por obra e graça do
Tribunal Constitucional que evitou que se tomassem medidas que agravassem ainda
mas a situação.
Não é de admirar que agora as instituições europeias, fugindo à sua responsabilidade,
venham tentar desvalorizar a revisão em alta do défici de 2014.
Este ano as instituições europeias e as agências de rating pouco têm
pressionado Portugal para continuar a austeridade, pois estão em campanha para
ajudar coligação a vencer estas eleições.
Mas não tenham dúvidas que voltarão à carga no próximo ano, se
conseguirem ajudar à recondução do “governo amigo” de Passo Coelho.
Ajudar a banca e o sector financeiro, à custa do bem estar dos
cidadãos, essa é a prática dos que defendem a austeridade, cá dentro e lá fora.
Os resultados dessa política estão à vista se olharmos para alguns
dados estatísticos que comparem o ano de 2011 com o de 2014, o último para o
qual existem dados.
A Taxa de Desemprego era alta em 2011, 12,7%, mas é ainda mais alta em
2014, 13,9%, mas a realidade é ainda pior, como se pode ver por outros dados.
O desemprego jovem (menores de 25 anos) era de 30% em 2011, e
estava quase em 35% em 2014.
Por exemplo, a taxa de actividade (activos com mais de 15 anos por 100
pessoas) era de 60, 5 em 2011 e desceu para 58, 7% em 2014.
A taxa de emprego (emprego por cada 100 indivíduos com mais de 15 anos)
desceu de 52, 8 para 50, 6%.
Ou seja, quase 50 % da população em idade de trabalhar não o faz.
Também o mito governamental da criação de emprego através da criação de
empresas cai por terra à luz dos dados estatísticos:
- em 2011 foram constituídas 31 986 sociedades, tendo sido dissolvidas
32 473 sociedade, com um saldo negativo de menos 487 empresas ;
- Por outro lado, em 2014 tinham sido constituídas 31 898 sociedades
(quase menos 100 que em 2011) e foram dissolvidas 35 413, quase mais….3 mil que
em 2011. O saldo negativo também aumentou para …menos 3940 empresas.
Ou seja, o mito de um governo “amigo” das empresas, pelo menos das
pequenas e médias, também cai por terra.
Temos de juntar a tudo isto o aumento do trabalho precário e mal pago e a quebra
generalizada (empobrecimento) dos portugueses, que viram o seu PIB per capita
baixar de 16 686 euros para 16 175 euros, quase uma média de 500 euros de
redução do rendimento per capita…
Não podemos esquecer também que, entre 2011 e 2014 emigraram quase 500 mil portugueses, a maior parte jovens qualificados...
Não podemos esquecer também que, entre 2011 e 2014 emigraram quase 500 mil portugueses, a maior parte jovens qualificados...
E tudo isto para quê? Para reduzir o déficit de 7,4…para 7,2!!!!?
Para aumentar a dívida externa
de 84, 7% para 102,5% ??
As políticas de austeridade falharam em toda a linha, prejudicando o
país.
Convém também que agora, em época eleitoral, os portugueses penalizem quem aplicou, com entusiasmo e para “além da troika” , essas medidas , sem
esquecer que, ao penalizar os “amigos da troika”, penalizam também as
instituições europeias que impuseram essa “receita”.
(Fonte: Prodata)
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