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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Novas Oportunidades- a verdade dos factos contra a propaganda...

Muita asneira se tem lido e ouvido sobre a educação em Portugal e, em particular, sobre o programa “Novas Oportunidades”.

É surpreendente o número de pessoas “bem pensantes” e da nossa “elite” intelectual, política e jornalística que gosta de passear por aí a sua ignorância à custa de uns “trocos” e para manter os seus “minutos de fama”, gente que é "famosa por ser famosa", que pouco conhece do país real e ainda menos daquilo de que fala.

Pessoalmente, a melhor forma que uso para aferir da credibilidade ou da falta dela, por parte dessa gente, é ler e ouvir o que elas dizem sobre a educação em Portugal.

Por razões profissionais tenho-me privado de comentar algumas dessas afirmações.

Mas a carta que a seguir transcrevo resume muito daquilo que, quem está no terreno, podia dizer sobre o tema das Novas Oportunidades, repondo a verdade dos factos.

Existem problemas? Existem, e não são poucos. Existe facilitismo? Existem alguns casos, mas tem havido um esforço por parte dos profissionais ligados a esse programa para corrigir essas falhas.Esse programa foi usado e "abusado" pela propaganda política do anterior governo? Foi e é uma das causas de tanta confusão que por aí se manifesta sobre este tema.

Sobre alguns desses problemas talvez um dia venha a ter oportunidade de falar. Mas, por agora, limito-me a assinar por baixo a opinião que transcrevo aqui.

 

“O actual Governo e as novas oportunidades

“Fiz o meu estágio curricular integrado em Mestrado de Psicologia da Educação num centro de novas oportunidades (CNO) de Gaia, com a duração de quatro meses (300 horas).

“Nesse CNO pude verificar o seu funcionamento e como são avaliados os adultos que o frequentam. Não é facilitismo, como se diz por aí, não se passam atestados de incompetência. Trata- se, sim, de um tipo de educação diferente da escola formal. Aliás, não faria sentido algum colocar pessoas adultas, com 30,40,50 ou mais anos de idade, com experiências riquíssimas de vida, sentadinhas na escolinha a aprender o que os professores ensinam, segundo currículos rígidos. Aqui são reconhecidos e validados os conhecimentos adquiridos ao longo da vida.

“Neste contexto educativo, os adultos não vão para aprender (como no ensino formal), mas sim para mostrarem aquilo que sabem, o que a vida lhes ensinou -experiências profissionais, pessoais, papéis sociais.

“É isto que vai ser reconhecido e certificado, segundo um referencial de competências- chave, perante um júri composto por vários elementos, sendo um avaliador externo. E devo dizer que é muito gratificante quando, no final do processo, o adulto consegue o seu certificado. É que grande parte destas pessoas abandonou precocemente a escola, muitas delas por necessidades económicas, e agora, ao integrarem um sistema de ensino, sentem bastantes dificuldades; muitas delas já não escrevem, ou pouco escrevem, há alguns anos, e o facto de terem de fazer um porta-fólio reflexivo de aprendizagem, por si só, é muito exigente. Por isso, dever-se-ia continuar a valorizar a aprendizagem não formal e informal.

“Quanto às pessoas que tanto criticam os CNO, assim como criticam os adultos que os frequentam, devo dizer que essas pessoas não sabem o que dizem e têm uma grande falta de respeito para com esses mesmos adultos.

“É que, para se fazer uma crítica sobre um determinado assunto, é necessário estar-se por dentro das questões e analisá-las no terreno. Caso contrário, corre-se o risco de falar de cor, só porque se ouviu dizer, ou se leu num jornal, e isso é muito grave. Haja respeito por quem se esforça!”

Maria do Rosário D. A. Neves, V. N. de Gaia”

In CARTAS Á DIRECTORA, Público, 13 de Janeiro de 2012

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