Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 3 de junho de 2011

RECORDANDO O HERMÍNIO


“Trocava dois dedos de conversa com alguém que acabara de conhecer e cinco minutos depois tinha um amigo para a vida”. Foi com estas palavras certeiras que o jornalista do Público Luís Manuel Queiroz se referiu ao Hermínio Monteiro.

Passam hoje dez anos (!!!! ) sobre a morte do Hermínio que tive o privilégio de conhecer na Faculdade de Letra, no curso de História.

Aqui recordo esse amigo, divulgando um texto inédito que então “lhe” escrevi, poucos dias depois de ele nos deixar.

Este país precisa urgentemente de muitos “Hermínios”…

HERMÍNIO

Não o via há anos, mas continuava a acompanhar, à distância de poucos quilómetros.

Regularmente continuava a enviar-me a sua “Phala” e o imprescindível postal de Natal. Eu retribuía-lhe enviando-lhe alguns trabalhos meus .

Em anos de sorte encontrava-o na feira do livro, no pavilhão da sua editora, onde aproveitávamos para recordar os anos da faculdade e sabermos por onde andávamos. Quase sempre ele perguntava-me pelo “Área”, um jornal torriense que ele sempre tinha acarinhado, pelo arrojo do seu grafismo e do seu conteúdo. Era sempre ele o responsável pelo reencontro dos velhos colegas do curso de história, organizando jantares e funcionando como charneira das amizades que o tempo nunca desfez, só afastou fisicamente.

Sabia que, quando o voltasse a ver, me ia receber de braços abertos, sempre com a serenidade e a humildade de um camponês transmontana.

Fiquei no passado dia 4 de Junho a saber que esse reencontro não voltará a acontecer.

Vou sentir a falta da poesia dos seus postais de Natal, da sua generosidade e do seu entusiasmo e principalmente do seu grande exemplo.

Aos 48 anos vitimou-o uma terrível doença que o perseguia há um ano. Ele vai fazer falta, tanto aos seus imensos amigos, como ao mundo da cultura e da poesia.

Obrigado Hermínio por te ter conhecido.

Torres Vedras, Junho de 2001


Sem comentários: