Da esquerda para a direita, Marie George Buffet, do PCF, Martine Aubry do PSF, e Cécili Duflot dos "verdes", ontem à saida da reunião no Café Industrie, em Paris - Foto de Philippe Wojazer/Reuters/Libératrion
Para lá do “futubolês” , do decadentista PEC, da ridícula “lei da rolha” e das trafulhice e negociatas socráticas, o mundo continua a rolar para lá do nosso provincianismo.
Em França, depois da estrondosa vitória da esquerda desse país na primeira volta das eleições regionais, foi dado um passo histórico.
A dois dias da segunda volta os três partidos e movimentos da esquerda francesa resolveram unir-se para derrotar a direita na segunda volta das regionais que se realiza domingo.
Ainda há pouco tempo os comentadores do costume, cá deste lado, auguravam um péssimo futuro à nova líder do PS francês, que derrotou a neo-liberal Ségolène Royal, esta uma espécie de José Sócrates de sais lá do sítio, derrotada nas presidenciais de 2007 por Sarkozy, mas que era a menina bonita desses comentadores e da actual liderança do PS português.
Agora Aubry conseguiu um resultado histórico nas regionais e prepara-se para assumir uma alternativa de esquerda a Sarkozy unindo-se sem complexos à restante esquerda.
Os resultados obtidos mostram que, quando os socialistas assumem, sem complexos, uma postura de esquerda, os resultados surgem.
Um exemplo para o que resta da esquerda no PS. É que, depois do “furacão” Sócrates, os socialistas portugueses devem preparar-se para uma longa travessia no deserto, da qual só se salvarão se recuperarem os seus valores de esquerda.
Claro que, se o PS francês não é, felizmente, o PS português, também o PC francês nada tem a haver com o conservadorismo ideológico do PCP, nem os “verdes” do lado de lá dos Pirenéus são os radicais “fracturantes” do Bloco de Esquerda.
Talvez fosse bom à esquerda portuguesa, aproveitando a previsível travessia do deserto, para o qual contribuiu com muita areia, aproveitar a longa viagem que se avizinha para a estudar e aprender com o exemplo francês.