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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

...Os de sempre que paguem a crise!


Segundo dados revelados pela revista Visão, Portugal é o terceiro país da OCDE com maiores desigualdades sociais.

Só somos superados pela Turquia e pelo México.

Há poucas horas, numa reportagem da RTP sobre uma feira de material náutico que está a decorrer no nosso país (não percebi se na FIL se noutro local), um vendedor de barcos de luxo, que custam em média cerca de 700 mil euros, confessava que vendia várias dezenas desses barcos por ano em Portugal e que o negócio estava a crescer, não se ressentindo da crise. Já outro comerciante que vendia barcos de turismo mais pequenos e baratos queixava-se de uma forte quebra nas vendas, no ordem dos 30%.

Se formos para o negócio imobiliário e da venda de automóveis ouvimos várias histórias que vão no mesmo sentido: tudo o que é caro e luxuoso continua a crescer e não se recente da crise, ao contrário do que se passa com os produtos de preço médio ou barato.

Em ano de crise, pelo menos em Portugal, os lucros das empresas financeiras e especulativas continuam estáveis ou em crescimento, o que é um contra-senso em relação àquilo que tem sido o histórico das grandes crises económicas.

São as pequenas e médias empresas ou as empresas produtivas que sofrem com a crise, conjuntamente com a situação dos assalariados

Isto é um bom retrato das tais desigualdades reveladas pela estatística, mostrando onde pára a crise.

Seria curioso analisar de onde vem o dinheiro para os luxos. Toda a gente sabe, mas não quer dizer, porque quem pode dizer ou investigar sobrevive a trabalhar para essa gente.

Vem da fuga aos impostos, da corrupção, das mais valias acumuladas graças à miséria salarial das classes médias e da pobreza generalizada entre os outros assalariados, do branqueamento de dinheiro de negócios ilícitos…

Com as leis e os tribunais que temos, a impunidade continuará a gerar essas desigualdades.

Por isso é que FMI´s, agências de ratting, Almunias e Constâncios, que trabalham para os especuladores que levaram a Europa e Portugal para a crise actual, vão pela receita mais fácil: aumentar os impostos, presume-se dos mesmos que os pagam regularmente (com os funcionários públicos à cabeça), congelar ou reduzir os salários, não tocando naqueles que de facto usufruem de salários injustos ou que os recebem sem os declararem, reduzir os custos sociais e aumentar a idade da reforma, contribuindo para o envelhecimento da população activa, com graves consequências económicas e sociais a prazo, mantendo os jovens no desemprego, na precariedade ou na pobreza salarial, talvez na esperança de desviar as atenções para a criação de um conflito de gerações.

Bem faz Obama que vira as costas a esta Europa governada por ignorantes e oportunistas, que nada aprenderam com a crise e insistem nas mesmas receitas que a provocaram.

Talvez a prazo essa gente tenha alguma surpresa e o tiro lhes saia pela culatra…

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