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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

PORQUE VOTO EM FERNANDO NOBRE

Nas últimas eleições presidenciais votei em Manuel Alegre.

Na altura Manuel Alegre representava uma verdadeira opção à liderança política de José Sócrates, era um homem frontal, corajoso e que representava uma forma de fazer política totalmente oposta ao modelo imposto pela “geração Sócrates”.

Este modelo “socrático” baseava-se nas negociatas, no carreirismo, no fabrico de uma imagem de fachada, vazia de conteúdo, que manipulava a comunicação social, na defesa de uma economia de casino e neo-liberal.

Apesar de se viverem os tempos áureos deste modelo, ainda vinha longe a crise internacional e os escândalos políticos que envolveriam Sócrates, e ainda estava fresca a maioria absoluta, Alegre impôs uma pesada derrota ao socratismo, mas sem resultados práticos a nível do objectivo principal que era, no mínimo, forçar Cavaco a uma segunda volta.

Os tempos foram mudando e, a partir de determinada altura, Alegre começou a recuar na sua frontalidade contra o modelo socrático, na esperança que desta vez se pudesse tornar o candidato oficial do PS.

Como já se percebeu, só muito dificilmente terá o apoio oficial do bando socrático. Estes, a seu tempo, apresentarão o seu candidato, e, lá no fundo, apostam na reeleição de Cavaco, só não assumindo a sua defesa por táctica política. No fundo Cavaco sempre apoiou as reformas mais gravosas de Sócrates, na Segurança Social, no Código de Trabalho, nas políticas educativas …

O aparecimento da candidatura de Fernando Nobre representa uma nova esperança para aqueles que, como nós, ainda acreditam que a Política deve ser um acto de cidadania e humanidade.

O que falta a Fernando Nobre em experiência política, sobra-lhe em experiência cívica, em ética e em conhecimento da realidade social, não só no País, mas também no Mundo.

As suas ideias humanistas sobre o País e o Mundo, que ele já revelou em vários textos e entrevistas, são uma mais-valia para o exercício de um cargo, como o de Presidente da República, o qual, embora esvaziado de poder político, tem toda uma margem de intervenção cívica que pode fazer a diferença em relação àquilo que tem sido o provincianismo cavaquista.

Fernando Nobre é mundialmente conhecido e pode contribuir para que Portugal seja internacionalmente mais respeitado.

Há quem procure desde já queimar esta candidatura com a argumentação de que ela parte de certos grupos do PS com o objectivo de “tramar” Alegre.

Tais notícia revelam má-fé ou desconhecimento sobre o percurso de vida de Fernando Nobre, marcado pela independência face a partidos e ideologias políticas.

Sendo um homem de esquerda, naquilo que a esquerda pode ter de mais genuíno, como os valores da solidariedade e do humanismo, Fernando Nobre não é manipulável.

Só por cinismo e por uma total falta de vergonha, a actual direcção política do PS se lançaria no apoio a esta candidatura. Não sendo totalmente impossível que isso aconteça, tal o despudor dessa gente,  o percurso pessoal de Fernando Nobre é totalmente oposto à história de vida da maior parte desse grupo que lidera politicamente o PS.

Isso não invalida que esta candidatura, como candidatura de esquerda, não venha a ter apoio de personalidade e sectores do PS. Aliás, qualquer candidatura de esquerda só pode ter êxito com o apoio das bases e dos eleitores desse partido. Muitas personalidade, militantes e eleitores desse partido são gente honesta e com valores que  não se identificam com o socratismo.

Mas Fernando Nobre tem ainda outra vantagem sobre outras candidaturas da esquerda, pois o seu percurso pessoal humanista vai atrair sectores do eleitorado que tradicionalmente vota à direita ou se abstém, podendo assim retirar votos a Cavaco e forçando-o a uma segunda volta.

Seja qual for o destino político da candidatura de Fernando Nobre, ela representa uma lufada de ar fresco na vida política portuguesa, demasiado viciada e ocupada com políticos “profissionais “ e de carreira, que têm usado a política em proveito próprio ou dos “amigos”.

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