O direito de um povo, com a sua própria cultura , a sua língua e a sua história, a tornar-se
independente, é um direito humano e internacional.
Esse direito não pode ser confundido com o nacionalismo xenófobo que
cresce por aí.
O velho e retrógrado nacionalismo não é aquele que defende a maior
parte dos catalães. Pelo contrário, esse velho nacionalismo está presente em Espanha,
mas entre os defensores de uma “Espanha Una e Indivisível”.
O povo da Catalunha tem direito a escolher se quer ser independente ou
se quer continuar a ser uma região autónoma dentro desse país que é a Espanha.
Contudo esse direito a escolher tem-lhe sido negado.
Se querem realizar um referendo, o governo espanhol impede-o. Se querem
decidir com base nas instituições democráticas, isto é, no seu parlamento, o
governo espanhol não reconhece essa decisão.
Ou seja, o governo espanhol não tem permitido saídas democráticas e
institucionais para a situação.
Pelo contrário, lança achas na fogueira, como aconteceu agora ao
condenar com penas exageradas os líderes do patriotismo catalão, num momento em
que o assunto parecia cair no esquecimento.
A responsabilidade pela radicalização da situação catalã é toda do
governo espanhol e dos seus partidos tradicionais, que têm sido incapazes de
lidar com a situação de forma democrática e racional.
Seja qual for desfecho desta situação, não há que esquecer o essencial:
os catalães têm de poder optar pelo seu futuro, seja através das suas
instituições legitimamente eleitas, seja através de um referendo.
E em relação à posição da União Europeia neste assunto, esta não pode
defender a soberania da Letónia, da Estónia e da Lituânia, a desagregação da
Jugoslávia em vários Estados independentes, a separação da Checoslováquia ou
incentivar a independência da Escócia e da Irlanda do Norte para combater o “Brexit”,
e fechar os olhos em relação ao que se passa na Catalunha.
Deixem os catalães escolher, enquanto ainda existe espaço para que essa
escolha seja feita democrática e livremente.
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