Pode-se dizer que até começou bem, com debates e entrevistas na comunicação social geralmente bem dirigidos e esclarecedores.
Quando começou a campanha oficial, as coisas degradaram-se: começou-se a explorar casos, enveredou-se pelo ataque pessoal, debateram-se sondagens, quase todos "esquecendo-se" de aproveitar as "arruadas", os comícios, os tempos de antena, para mostrar o que pensam sobre os grandes problemas nacionais e para divulgarem os respectivos programas eleitorais.
E quais são eles?:
- a questão ambiental, ligada ao problema da água, do novo aeroporto, do desenvolvimento dos transportes públicos, da substituição energética, da necessidade de alterar o nosso consumo privado;
- a salvaguarda do Estado Social, muito degradado pelos anos da troika e do "além da Troika", com reflexos gritantes na saúde e na educação ;
- as crescentes desigualdades sociais, com a degradação do nível de vida de uma população com salários e pensões baixas, uma vergonha num país que faz parte da União Europeia e da zona Euro, sem esquecer que o positivo aumento do emprego foi conseguido à custa da generalização do trabalho precário e dos salários baixos;
- o problema da habitação, um direito consignado na Constituição, e que se tem vindo a degradar nos últimos anos pela ganância de alguns, aproveitando, de forma oportunista, o boom turístico e as leis permissivas e desumanas em vigor desde os tempos da Troika ( a célebre "Lei Cristas");
- a justiça selectiva, mais interessada no protagonismo dos seus juizes e magistrados do que em combater com eficácia um dos maiores cancros da nossa democracia, a corrupção, havendo estudos que mostram que, sem corrupção,sem fuga aos impostos, sem off-shores, sem apoios à banca, o país podia ter uma situação económica e social muito próxima dos países nórdicos;
...e tantos outros problemas que impedem o país de se desenvolver e os cidadãos de melhorarem as suas condições de vida.
Curiosamente, alguns destes temas até constam dos programas dos partidos.
Numa democracia ideal, o que devia estar a ser debatido em campanha eleitoral era o conteúdo desses programas e os eleitores deviam premiar ou penalizar os partidos pelo cumprimento das promessas contidas nesse programas. Claro que esses partidos políticos, que, na maioria dos casos, se deram ao trabalho de elabor programas eleitorais com conteúdo e propostas concretas, são os primeiros, principalmente quando chegam ao poder, a guardar os respectivos programas na gaveta do esquecimento. Mas seria bom que os eleitores não esquecessem, votando também de acordo com a coerência do cumprimento desses programas. Sabemos que, principalmente quando há necessidade de coligações com outros partidos para governar, o programa tem de ser reajustado à realidade, mas esse programa define também as linhas vermelhas, que é o que define a tendência ideológica de cada partido. Após as eleições, os partidos chegados ao poder tomam uma das seguintes posições sobre o cumprimento do programa: - desculpam-se com o facto da "herança" de governos anteriores para não cumprirem os aspectos mais problemáticos dos programas ou com as imposições europeias; - aplicam, de forma selectiva, as partes mais impopulares dos seus programas com a desculpa que foram eleitos para cumprir essa parte, embora na esperança que os eleitores não tenham lido as partes mais problemáticas desses programas e outras que ficam convenientemente esquecidas; - "marimbam-se" pura e simplesmente para o programa eleitoral, porque acham que ninguém o leu ou consideram-no um pequeno "berloque" que fica bem em tempo de campanha eleitoral, e entregam-se aos "lobbies" do costume e àquilo que interessa para as "negociatas" pessoais. No meio de tudo isto, é o eleitor que deve ser exigente nas escolhas, procurando conhecer pelo menos os programa dos partidos das suas simpatias, exigindo o seu cumprimento durante a duração da legislativa, penalizando nas urnas o seu incumprimento injustificado. Mais importante do que a "simpatia", a "cara bonita", o "bem falar" do líder partidário do monumento, as escolhas devem ser feitas com base nos programas. Depois não se podem queixar!
Por isso, porque para além dos casos e das frases feitas para aparecer no "prime time" da comunicação social, alguns partidos até falam do que é importante nesses programas, e para contribuir para que se façam escolhas informadas no próximo dia 6 de Outubro, aproveitando bem o "dia de reflexão", aqui deixamos os links de ligação aos programas de todos os partidos (excluindo o caso de três partidos que nem se deram ao trabalho de apresentar programa...) :
|
Aliança |
Bloco de Esquerda |
CDS – Partido Popular |
CHEGA |
Iniciativa Liberal |
Juntos Pelo Povo (não apresenta programa eleitoral) |
LIVRE |
Movimento Alternativa Socialista |
Nós, Cidadãos! |
Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses |
Partido Comunista Português (CDU) |
Partido da Terra |
Partido Ecologista “Os Verdes” (CDU) |
Partido Nacional Renovador |
Partido Popular Monárquico (não apresenta programa eleitoral) |
Partido Social Democrata |
Partido Socialista |
Partido Trabalhista Português (não apresenta programa eleitoral) |
Partido Unido dos Reformados e Pensionistas |
PESSOAS-ANIMAIS-NATUREZA |
Reagir Incluir Reciclar |
Partido Democrático Republicano |
Os dias que rolam, numa visão plural, pessoal e parcial de um mundo em rápida mutação. À esquerda, provocador e politicamente incorrecto, mas aberto à diversidade...as Pedras Rolam...
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sexta-feira, 4 de outubro de 2019
O Programa dos Partidos.
Etiquetas:
eleições,
Programas Partidários
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