Para os burocratas europeus e para os seus executivos locais, a democracia
está a transformar-se num mero acto formal, sem consequência práticas, e até um incómodo.
Para eles trata-se apenas de uma mudança de turno para continuar a
executar as medidas pré-definidas em obscuros gabinetes , onde circulam burocratas
ainda mais obscuros, apesar de serem pagos, a peso de ouro, pelos contribuintes
europeus.
Quem se atrever a desviar-se do caminho previamente traçado pelo
corrupto sistema financeiro europeu sofre a humilhação que está a ser imposta
ao governo grego, que está a ser usado como exemplo, como cobaia e como aviso aos que
pretendam alterar o actual rumo austeritário europeu.
A secção local da ditadura da troika, veio, através do porta voz de
serviço, Marco António Costa ameaçar o PS de “submeter o cenário macroeconómico” do
programa eleitoral deste partido à Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e
ao Conselho das Finanças Públicas (CFP), acrescentando, em tom de ameaça, que o
PS não deve hesitar “em submeter à UTAO o cenário macroeconómico”, pois “caso [o PS]
não o faça, será a maioria a tomar a iniciativa de o pedir”, afirmou.
Segundo explica o jornal Público (ver reportagem de 29 de ABRIL AQUI ) “a UTAO é uma unidade que faz parte dos serviços da Assembleia da República, onde presta apoio técnico em matéria orçamental e financeira, funcionando sob orientação da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (Cofap).
“Aos técnicos compete, por exemplo, elaborar estudos e documentos de trabalho sobre o Orçamento do Estado, a Conta Geral do Estado, a execução orçamental que o Ministério das Finanças publica todos os meses. Pelo crivo da UTAO podem ainda passar as “iniciativas legislativas” que o presidente da Assembleia da República” submeta à Cofap. E a análise de “outros trabalhos que lhe sejam determinados” pela Cofap.
Ou seja, segundo o representante do PSD, os partidos que se apresentam às eleições devem perder a independência de apresentar o seu programa, que deve ser previamente submetido à aprovação de instituições, ditas “independentes”, muitas delas enxameadas de burocratas e técnicos que para elas foram nomeados exactamente como representantes da ideologia neoliberal que é dominante nos meios económicos e financeiros actuais, ideologicamente fiéis aos partidos da maioria ou do “arco da governação”.
Digamos que não simpatizamos especialmente com o programa apresentado pelo PS, quanto a nós um pouco mais do mesmo, fazendo o PS o mero papel de “polícia bom” da austeridade europeia.
Mas não nos devemos calar perante mais esse atentado ao ideal democrático, um entre tantos outros a que temos vindo a assistir no último tempos, com o beneplácito de comentadores, economistas e jornalistas, com raras e honrosas excepção (como é o caso de Pacheco Pereira AQUI), pois espelham apenas a ideologia que emana da instituições como o FMI, a Comissão Europeia, o BCE, o Conselho Europeu ou um tal obscuro Centro de Política Europeia, (este dirigido por um ainda mais obscuro economista alemão - ler as suas "ameaças"AQUI) que todos os dias lançam “avisos” a Portugal ou a outros países onde aja eleições, contra a pretensão de mudar o rumo da aplicação do “programa de ajustamento” ou das “reformas estruturais”.
Para os líderes e a elites políticas europeias a democracia está a tornar-se um empecilho para a aplicação desse “programa” e dessas”reformas”.
Se nos anos 80/90 do século passado a adesão à União Europeia (então CEE) foi uma garantia para consolidar a democracia em muitos países, hoje, e desde o directório de Durão Barroso e Angela Merkel, a União Europeia está a transformar-se num ditadura burocrática, refém de um sistema financeiro eticamente corrupto e que nos conduz para o desastre e para a transformação da democracia num mero acto formal, afastando os cidadãos das decisões sobre o seu futuro.
É caso para dizer …”ADEUS DEMOCRACIA”!
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