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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Eleições Britânicas - O regresso de Tony Blair ou a “Europa” em maus lençóis


Hoje é dia de eleições legislativas na mais antiga democracia europeia.

Esta campanha ficou marcada por quatro acontecimentos:

- o regresso de Tony Blair, que, quanto a nós, foi um tiro no pé do partido mais europeísta da Grã-Bretanha, o Partido Trabalhista, e que, antes dessa “aparição”, até tinha todas as condições para ganhar folgadamente estas eleições depois do descalabro governamental de Cameron. Era como se, por cá, Sócrates aparecesse a fazer campanha ao lado de António Costa (embora, a fazer fé no modo desastrado como António Costa tem conduzido a sua liderança à frente do PS, já não me admiro de nada…).

Ao aparecer na campanha dos trabalhistas, Tony Blair descredibilizou a idéia com que os trabalhistas se pretendiam apresentar, de um partido renovado e defensor dos cidadãos.

Tony Blair, que é por muitos considerado o pior primeiro-ministro britânico dos últimos cem anos, uma  personalidade envolvida em negociatas obscuras e , para muitos um criminoso de guerra pelo modo como se envolveu na Guerra do Iraque, aparecendo na campanha no único partido que defende a União Europeia de forma clara, só contribuiu para fortalecer a posição dos eurocépticos ingleses e, terá contribuído para uma possível derrota trabalhista ou, a sair vencedor, com uma vitória por margem diminuta e em posição minoritária face ao peso dos partidos eurocépticos;

- o segundo acontecimento foi exactamente o peso dos partidos eurocépticos, entre os quais se pode incluir grande parte dos “conservadores”, que, na sua totalidade vão ser maioritários, tornando-se o resultado destas eleições, mesmo que os trabalhistas a vençam, um forte aviso aos burocratas de Bruxelas, na sequência de outros avisos noutras eleições realizada por essa Europa fora. Mesmo que nem sempre pelas melhores razões, a votação nesses partidos é a prova do afastamento da União Europeia dos seus cidadãos e da sua quebra de popularidade, pesada herança do consulado Barroso-Merkel;

- o terceiro acontecimento a marcar estas eleições foi o crescimento do nacionalismo e dos partidos xenófobos, um retrocesso liberal e democrático no país apontado como o mais liberal e onde a democracia está mais consolidada;

- o quarto e último acontecimento, talvez o único positivo a resultar deste acto eleitoral, é o reforço de um partido alternativo e com posições de esquerda como o é o partido dos Verdes, que pode beneficiar do descrédito dos trabalhistas.


Logo à noite poderemos confirmar se o que aqui referimos vai de facto acontecer.

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