Hoje é dia de eleições legislativas na mais antiga democracia europeia.
Esta campanha ficou marcada por quatro acontecimentos:
- o regresso de Tony Blair, que, quanto a nós, foi um tiro no pé do
partido mais europeísta da Grã-Bretanha, o Partido Trabalhista, e que, antes
dessa “aparição”, até tinha todas as condições para ganhar folgadamente estas
eleições depois do descalabro governamental de Cameron. Era como se, por cá,
Sócrates aparecesse a fazer campanha ao lado de António Costa (embora, a fazer
fé no modo desastrado como António Costa tem conduzido a sua liderança à frente
do PS, já não me admiro de nada…).
Ao aparecer na campanha dos trabalhistas, Tony Blair descredibilizou a
idéia com que os trabalhistas se pretendiam apresentar, de um partido renovado
e defensor dos cidadãos.
Tony Blair, que é por muitos considerado o pior primeiro-ministro
britânico dos últimos cem anos, uma personalidade envolvida em negociatas obscuras
e , para muitos um criminoso de guerra pelo modo como se envolveu na Guerra do
Iraque, aparecendo na campanha no único partido que defende a União Europeia de
forma clara, só contribuiu para fortalecer a posição dos eurocépticos ingleses
e, terá contribuído para uma possível derrota trabalhista ou, a sair vencedor,
com uma vitória por margem diminuta e em posição minoritária face ao peso dos
partidos eurocépticos;
- o segundo acontecimento foi exactamente o peso dos partidos
eurocépticos, entre os quais se pode incluir grande parte dos “conservadores”, que,
na sua totalidade vão ser maioritários, tornando-se o resultado destas
eleições, mesmo que os trabalhistas a vençam, um forte aviso aos burocratas de
Bruxelas, na sequência de outros avisos noutras eleições realizada por essa
Europa fora. Mesmo que nem sempre pelas melhores razões, a votação nesses
partidos é a prova do afastamento da União Europeia dos seus cidadãos e da sua
quebra de popularidade, pesada herança do consulado Barroso-Merkel;
- o terceiro acontecimento a marcar estas eleições foi o crescimento do
nacionalismo e dos partidos xenófobos, um retrocesso liberal e democrático no
país apontado como o mais liberal e onde a democracia está mais consolidada;
- o quarto e último acontecimento, talvez o único positivo a resultar
deste acto eleitoral, é o reforço de um partido alternativo e com posições de
esquerda como o é o partido dos Verdes, que pode beneficiar do descrédito dos
trabalhistas.
Logo à noite poderemos confirmar se o que aqui referimos vai de facto
acontecer.
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