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sábado, 23 de maio de 2015

FESTIVAL DA EUROVISÃO DA MUSICA PIMBA


Longe vão os tempos em que o país parava para assistir, numa transmissão a preto e branco, à final do Festival da Canção da Eurovisão.

Era uma das rara ocasiões em que a programação televisiva, de um único canal, fugia à rotina cinzentona de séries e programas que não passavam, muitas vezes, de mera propaganda dos valores do Estado Novo.

Apesar da fidelidade ao regime, também a RTP era sujeita a uma censura férrea, da qual era difícil escapar.

Muitas vezes uma das raras ocasiões em que se consegui escapar à censura era através do festival da canção, onde se escolhia o finalista para o Festival da Eurovisão, e onde a metáfora poética das canções a concurso escapava ao crivo dos censores, como foi o caso de várias canções com poemas de Ary dos Santos e outros.

O caso mais paradigmático foi o caso de “A Tourada” interpretado por Fernando Tordo, ou daquele verso de uma canção de Simone, “quem faz um filho fá-lo por gosto” que abalou os valores tradicionais do Estado Novo e provocou acesa polémica.

Longe vão também os tempos em que, no Festival da Eurovisão, desfilavam grande nomes da musica popular francesa, inglesa, espanhola ou italiana e onde cada um cantava a sua língua.

Hoje o Festival segue um modelo cada vez mais estereotipado e pouco original, dominado por musicas todas iguais, onde dominam os países do leste, que seguem deforma acrítica os cânones do pior que se faz na musica popular ocidental, obedecendo a critérios meramente comerciais.

Para a maior parte este Festival dá-lhes os efémeros 15 minutos de fama. Depois, os temas, os autores e a musica, regressam a um merecido esquecimento.

Destaque-se apenas os países que continuam a remar contra a maré, como é o caso de Portugal, insistindo em cantar na sua língua original, mesmo que isso lhes custe a eliminação precoce dessa montra da musica pimba internacional.


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