Nos inícios da minha adolescência, numa época marcada pela
afirmação do rock, tornei-me fã dos Deep Purple. Penso mesmo que foi o primeiro
grupo do qual me tornei fã, ainda antes dos Pink Floyd ou dos Yes.
Os Deep Purple combinavam a irreverência do rock and roll
com o virtuosismo musical, chegando a tocar com orquestras sinfónicas e criar
temas que duravam meia hora, sem respeitar os habituais 3 ou 4 minutos dos
temas de outros grupos.
Quando vieram a Portugal há poucos anos já não me senti
tentado a vê-los, já andava por outras ondas.
Com a morte de Jon
Lord, que era praticamente o líder e o criativo do grupo, é também um pouco da
nossa memória que morre.
Lembro-me do contentamento quando consegui comprar em
segunda mão um velho vinil, com a capa já muito degradada , o célebre “Made in Japan”, um dos melhores álbuns ao vivo de sempre e
onde se resume toda a carreira do grupo. Recentemente adquiri esta álbum em CD,
mas ainda não arranjei coragem para o ouvir, mas esta semana ainda vou voltar a
ele.
Lembro-me também de ter descoberto os Deep Purple com o meu
amigo Mário Rui Hipólito, que tinha uma grande colecção de discos, que ouvíamos,
com tantos outros grupos dos anos 60 e 70, em altos berros, num gira disco no
quintal da sua casa, na rua Conde Tarouca, para desespero da sua avó e dos
vizinhos.
Foi nesse quintal que fiquei a conhecer muita da musica do
principio do rock e ainda hoje associo a musica dos Deep Purple aos primeiros amores platónicos, aos
primeiros sonhos, e aos tempos de escola.
Também foi graças aos Deep Purple a ao seu tema “smoke in
the water” que me iludi com o sonho de me transformar em estrela do rock and
rol, dedilhando numa guitarra do Mário
os únicos acórdãos, do início daquele tema, que alguma vez consegui tocar…mas
já me sentia num palco a pular com uma guitarra, pura ilusão adolescente…
Já não os ouvia há muito tempo, mas a memória das suas
musicas rebeldes ficam a marcar para sempre, como uma banda sonora das imagens
da nossa juventude, esse tempos sem regresso.
Obrigado Jon Lord.
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