Fui, em tempos, um apaixonado pelo cinema.
Penso, aliás, que poucas artes me apaixonaram e comoveram
tanto como a 7ª arte.
Contudo, de tanto ver cinema e, também, porque vejo cada vez
menos cinema nas salas e cada vez mais em casa em DVD, essa paixão vai
esmorecendo, transformando-se num mais maduro amor.
Ainda há filmes que me fazem recuperar ou vislumbrar a
grande paixão do passado. Um deles foi este “O Artista” que recupera toda a
pureza do cinema e a capacidade que este tem de nos fazer sonhar, comover e fantasiar.
O mais surpreendente é esse filme ser mudo e a
preto-e-branco, recuperando o lado mais puro e mais ingénuo do cinema, sem os
artifícios tecnológicos ou o realismo da cor que há muito dominam a produção
cinematográfica.
A história é uma história simples mas também comovente, onde
se cruzam:
- a decadência do
cinema mudo e dos seus actores e realizadores, com a entrada do som e da musica
que questionam a gramática dos primeiros temos dessa arte;
- uma crise económica
( a de 1929) destruidora de sonhos e semeadora de misérias;
- e uma história de amor “quase” impossível
entre um artista maduro, mas em decadência e uma jovem e promissora artista.
É magnifico a forma como a diferença geracional entre esses
personagens, que se amam de forma não declarada, se “confrontam” num magnífico “duelo” de criação,
quando o primeiro, orgulhoso, resolve
realizar um filme mudo na era do sonoro, que vai ser também o seu último
trabalho, e nova “estrela” em ascensão é a principal atracção do primeiro filme
sonoro dos estúdios onde ambos se tinham encontrado a trabalhar e de onde “o
artista” se tinha despedido.
Como não podia deixar de ser o filme termina em “happy end”,
na última e única parte sonora deste filme.
Por mim, este filme reascendeu, nem que tenha sido por
momentos, a chama da paixão…
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