Um dos momentos mais dramáticos e emblemáticos dos ataques terroristas de 11 de Setembro foi a atitude dos passageiros do voo 93:
Sabendo o que se estava a passar, decidiram, depois de votarem democraticamente, atacar os piratas do ar. Acabaram por morrer à mesma, mas o seu acto colectivo e corajoso impediu uma tragédia ainda maior.
Esse acto representou o começo da guerra aos terroristas da Al-Qaeda. Infelizmente a forma como agiram não serviu de modelo à forma como a liderança política neo-conservadora dos Estados Unidos reagiu à crise.
Ultrapassando o poder de decisão colectiva e democrática, quer interna quer externamente, agiu de forma cega e irracional, desrespeitando os Direitos Humanos em Guantanamo e em prisões secretas, atacando um Iraque que nada tinha a haver com o assunto, desrespeitando e esvaziando o poder de uma ONU, provocando quase 200 mil mortos, entre civis e militares, ao longo destes dez anos, e lançando o mundo num clima de violência e desumanidade. Bin Laden não teria feito melhor!!
Em contrapartida pouco se fez para combater o que alimenta o terrorismo: o seu financiamento e o tráfico de armas que está por detrás dele.
É que mexer nesses dois factores ia por em casa e desmascarar a forma como os mercados financeiros e a industria de armamento são, no mínimo, coniventes com o terrorismo internacional.
Um rigoroso controle das operações especulativas financeira, a maior parte com origem no branqueamento de capitais oriundos de actividades criminosas, ou do tráfego de armamento, iria desmascarar a origem de muita riqueza dos meios financeiros ocidentais.
Aliás, a desumanidade da atitude actual desses mercados financeiros não é muito diferente dos actos desumanos da Al-Qaeda e outros bandos terroristas.
Metaforicamente, a Europa é hoje alvo de um violento ataque terrorista por parte dos mercados financeiros, cujo poder económico só pode ter origem na fuga aos impostos para os paraísos fiscais e off-shores, no branqueamento do dinheiros do crime e no tráfico de armamento , no crime ambiental e na aliança com ditaduras que não respeitam os mais elementares direitos humanos, mas garantem mercados para os seus capitais, como a China, ou desrespeitam os mais elementares direitos sociais, como a índia, ou, no caso dos meio financeiros portugueses, associando-se à corrupta oligarquia Angolana.
Metaforicamente, as ridículas e anti-democráticas lideranças europeias reagem ao contrário daqueles corajosos passageiros: em vez de atacar os terroristas das empresas de rating, os terroristas dos mercados financeiros e os seus aparelhos ideológicos nalguma comunicação social, onde se procura convencer os cidadãos europeus de que não existem outras soluções que não sejam as da destruição dos seus direitos e o assalto ao rendimento do trabalho, tudo fazem para agradar aos mesmos terroristas, para evitar que esses terroristas de colarinho branco se enervem, ao mesmo tempo que, em vez de agir colectivamente e concertadamente contra esses terroristas, cada um procura salvar-se como quiser...é como se aqueles passageiros, em vez de tomarema a atitude que tomaram, tivessem servido umas chávenas de chá aos terroristas para os demover dos seus intentos...
Tanta cobardia e falta de responsabilidade social e democrática por parte das lideranças europeias, já enjoa. É tempo dos cidadãos europeus, tal como aqueles anónimos passageiros, tomarem nas suas mão o combate ao terrorismo financeiro...
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