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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A Crónica de Miguel Esteves Cardoso : "Não ao capitalismo".


"A guerra fria acabou quando a Rússia e a China se entregaram ao capitalismo. Mas o maniqueísmo da guerra fria continua, noutra forma. Este Verão, Charles Moore, o exemplar jornalista conservador, ex-director do Spectator e do Daily Telegraph, tem confessado - tanto naquela revista como naquele jornal - que está a ganhar ódio ao capitalismo.
"Estranhamente, refere-se a Marx, com medo que se esteja a tornar marxista. É este o estranho maniqueísmo do século XXI. Ser-se anticapitalista não é ser-se marxista. Ou comunista. Ou católico. Ou anarquista. Ou seja o que for.
"Moore, como outros conservadores e liberais esclare­cidos, acha que rejeitar o capitalismo e concordar com o que dizem antigos inimigos, politicamente à esquerda deles, é uma traição excitante. Muito pelo contrário: é o facto de os regimes ditadoriais e não-democráticos, como é o caso da Rússia e da China, se darem melhor com o capitalismo comercial e genuíno do que com o pseudocomunismo do capitalismo dito “de Estado”, que nos deveria preocupar. Cheira mal.
"Sou anticapitalista porque sou um democrata conser­vador e liberal que acha injusto que quem tenha dinheiro - por muito legitimamente ganho - tenha poder. É o que está a acontecer agora.
"O poder e o capital, seja qual for a cor política, amanteigaram-se. O capitalismo é o sistema de poder dos ricos e o sistema de riqueza dos poderosos e está mal - ou muito do­ente - independentemente da cor política que se tenha"

in Público, 21 de Setembro de 2011

1 comentário:

Miguel Antunes disse...

Pois é, hoje em dia o Estado perdeu para o capital: os Estados parecem apenas existir como legitimadores do poder dos grandes grupos económicos. E isto é apenas uma constatação de facto, independente de filiação partidária ou "cor" ideológica.