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terça-feira, 20 de julho de 2010

O Descrédito é das agências de rating ou das pitonisas que interpretam os seus sinais?


Já aqui disse o que penso da credibilidade das agências de rating. Estando ao serviço de determinados interesses financeiros, para mim a sua credibilidade é …zero.

O problema é que, acreditando ou não nelas, as suas decisões acabam por nos afectar a todos.

Essas agência de rating actuam como autênticos piratas – lançam o caos e o pânico nos meios financeiros para poderem saquear o máximo em menos tempo e escolhem, já não apenas empresas em dificuldades, mas países inteiros em dificuldade onde, ainda por cima, as elites desses países têm uma visão estratégica de vistas curtas, se rebaixam às recomendações dessas agências e, se for necessários, partilham o saque com elas.

Contudo não deixa de ser curioso que geralmente os mensageiros locais dessas agências, ex-ministros das finanças, economistas, comentadores, etc., etc…, preocupados em agradar a essas agências, até porque muitos deles vivem da sua ligação aos sectores financeiros, os primeiros a sofrerem as consequências das decisões dessas agências, indicam como forma de lhes agradar a aplicação de medidas de austeridade – cortes nas despesas sociais, redução de ordenados na função pública, redução do investimento estatal, redução do peso do Estado na economia…- as mesmas que foram aplicadas na Irlanda, um país sempre apresentado como exemplo.

Só que agora a notícia caiu que nem uma bomba: essas agência de rating decidiram baixar o crédito desse país. Ou seja, o país que tomou as medidas que as pitonisas locais da adivinhação económica defendem, não escapou à voragem dessa gente.

Construir uma economia ao sabor das imposições financeiras dessas agências está-se a revelar um desastre para os países que as levam a sério.

Mas há um outro factor que não deixa de ser curioso: os três países mais bem cotados por essas agências, a Áustria, a Finlândia, a França e a Alemanha, são conhecidos mais pelo modo como se “marimbam” para as recomendações dessas agências e para cumprimento de metas do deficit, como são aqueles que, no geral, mais apostam nas despesas sociais , no investimento estatal, no peso do Estado na economia e nos salários mais elevados.

Resumindo e concluindo, as soluções propostas pelos defensores indígenas da credibilidade dessas agências ou são ignorantes, ou estão de má fé, ou são aldrabões.

Talvez, afinal, o mal não seja das agências de rating mas da forma como, em termos nacionais, as decisões daquelas servem de pretexto para a tomada ou a defesa de medidas que continuam a aprofundar o desemprego, o trabalho precário, os salários baixos, as desigualdades sociais e o atraso económico do país, tudo em benefício da especulação do sector financeiro.

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