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domingo, 28 de junho de 2020

Covid-19 – Como manipular gráficos para aumentar audiências


Um dos desportos favoritos de todo o português que se prese, desde o início da epidemia, é divulgar e construir gráficos estatísticos sobre a evolução do COVID-19, com todo o tipo de comparações, das normais às mais estapafúrdias, usando critérios, dos científicos aos mais absurdos.

As redes sociais, os programas informativos das televisões, as páginas dos jornais e os comentadeiros de serviço enchem-nos com tais gráficos, muitas vezes contraditórios.

Os critérios usados para comparar variam temporalmente, geograficamente  ou de logaritmo, conforme dá mais jeito à teoria de cada um.

Ainda por cima, todos eles cheios de certezas, recomendações e recados.

Vicente Jorge Silva já os topou e, na sua crónica do Públio de hoje intitulada “Confinados, desconfinados, exasperados", acerca da incerteza de cientistas e hesitação de políticos, escreveu:

“Uma das maiores lições (…) que aprendemos com o Covid-19 é a fragilidade e a incerteza dos conhecimentos científicos sobre a pandemia que atinge hoje o mundo inteiro, às quais se junta a desorientação, as contradições e os caos nas respostas políticas que se têm dado ao problema (…).

“Só que a questão não se limita aos cientistas e aos políticos, envolvendo media e comentadores encartados como verificamos em Portugal, cada qual com uma teoria  mais definitiva do que outra – e até contradizendo-se, por vezes, num curto espaço de dias, entre a condenação peremptória do confinamento em nome do direito ao trabalho até à  respectiva aceitação por um período limitado. A prosápia leva alguns deles a ter uma espécie de receita mágica para instrução de políticos e cientistas, com base em edificantes lugares  comuns cuja adopção permitiria a solução de todos os problemas. Não por acaso, referem-se aos males portugueses no campo da epidemia como se a covid-19 fosse um estrito problema nacional (…).

E conclui : “Não se trata de abdicar de uma atitude crítica e de justificar o conformismo (…)”, mas “toda a atenção, vigilância e exigência necessárias não dispensam humildade, bom senso e capacidade de discernimento, evitando o recurso a bodes expiatórios para sustentar a arrogância das nossas opiniões. Não faltam motivos para criticar cientistas e políticos – uns por não chegarem a conclusões, outros por chegarem a conclusões erradas ou atrasadas-, mas é preciso fundamentá-los e não cair na exasperação gratuita de atirar o barro à parede”.

Ora, o que mais temos visto por aí, no “achismo” presumido de amadores torturadores de  dados estatísticos, é falta de “humildade, bom senso e capacidade de discernimentos”, avidamente à procura de bodes expiatórios, manipulando ou forçando dados estatísticos até darem “razão” à sua presunção.

Um dos momentos mais significativos dessa manipulação estatística aconteceu no Jornal da Noite da SIC, na passada 6ª feira.

Rodrigo Guedes de Carvalho apresentou nesse noticiário um gráfico animado mostrando a evolução da mortalidade provocada, a nível mundial, pelo covid-19, em comparação com outras causas de mortalidade. No fim o Covid ultrapassa as mortes por Malária e situa-se num primeiro lugar “destacado”.

Os números estavam correctos, mas, ao eliminar desse gráfico, algumas das mais graves causas da mortalidade a nível mundial, com a única excepção da malária, esse gráfico animado foi a prova cabal como se podem manipular dados estatístico verdadeiros, para realçar o espectáculo de terror gerado à volta do Covid, em nome das audiências.

Por exemplo, a maior parte dos dados apresentados comparativamente como o Covid reportavam-se a situações de pouca mortalidade registadas no primeiro semestre do ano de 2020.

Não estavam lá, por exemplo, o conjunto de doenças transmissíveis que, até esse dia, a nível mundial, já tinham morto cerca de 6 milhões de pessoas, não estavam lá os mortos por cancro, mais de 4 milhões este ano até essa data, não estavam lá os óbitos por fumo, cerca de 2 milhões e meio, os óbitos por alccol, pouco mais de 1 milhão, os mortos por Sida, mais de 800 mil, os mortos em acidente automóvel, mais de 600 mil (dados retirados AQUI).

Das grandes causas de mortalidade, apenas a Malária constava nesse gráfico, talvez porque o total de mortos registado até essa data este ano tivesse sido ultrapassado,  poucos dias antes, pelos mortos por Covid.

Foram assim eliminados desse gráfico (sem indicação das fontes) as principais causa de morte, para não “assombrar” a ascensão do Covid.

Mas a diferença entre a Malária e o Covid também não é tão grande como a manipulação final desse gráfico dava a entender. Até esse dia tinham-se registado 477 952 mortos por Malária, total do ano, e 478 642 pelo Covid.

Ceder ao espectáculo gratuito não é uma grande ajuda para combater a epidemia.

Se não esperamos muito das redes sociais, esperávamos um pouco mais de rigor e seriedade na comunicação social dita de referência.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

quinta-feira, 25 de junho de 2020

COVID-19 – Outra Maneira de Olhar para os Números (12ª Semana)

 
Aqui registamos, pela 12ª semana consecutiva, a   evolução da mortalidade do COVID-19 ao longo da última semana, a que decorreu entre o dia 18 e o dia  25 de Junho, a partir dos  dados hoje publicados no site da Organização Mundial de Saúde.

Continuamos a ter por base um grupo de 35 de países.

Esse número será reduzido na próxima semana.

(Podem clicar AQUI para melhor comparar com a situação anterior e poderem ligar 10 post’s anteriores).

Começamos, como é habitual, pela lista do número de mortos registados até à data de hoje, embora os dados possam ter um atraso de um ou dois dias:

TOTAL DE MORTOS POR COVID-19 em todo o MUNDO – 478 691 mortos;

Estados Unidos – 120 255;
Brasil – 52 645;
Reino Unido – 42 927;
Itália – 34 675;
França – 29 643;
Espanha – 28 325;
Índia – 14 894;
Irão – 9 996;
Bélgica – 9 713;
Alemanha – 8 914;
Rússia – 8 513;
Canadá – 8 454;
Holanda – 6 095;
Suécia – 5 161;
Turquia – 5 001;
China – 4 647;

MÉDIA MUNDIAL POR PAÍS – 2 454; 

África do Sul – 2 205;
Irlanda – 1 720;
Suíça – 1 679;

PORTUGAL – 1 540;

Japão – 968;
Áustria –  693;
Dinamarca – 603;
República Checa – 339;
Finlândia – 327;
Israel – 307;
Coreia do Sul – 282;
Noruega – 248;
Grécia – 190;
Austrália – 103;
Cuba – 85;
Singapura – 26;
Nova Zelândia – 22;
Islândia – 10;
Palestina – 5.

Registaram-se algumas subidas no trágico “raking” da mortalidade, com o Irão a ultrapassar a Bélgica, a Rússia a ultrapassar o Canadá e a África do Sul a subir dois lugares.

Um outro modo de olhar para esses números é observar o crescimento percentual de mortes registadas ao longo desta semana, podendo observar os países onde esse crescimento é maior, mais rápido e mais preocupantes e aqueles que registam um maior abrandamento:

Situação “descontrolada” (crescimento semanal acima dos 15%):

África do Sul – 31,72 %;
Índia – 21,71 %;
Brasil – 16,36;

com uma velocidade de crescimento “preocupante” (entre 15% e 7%):

Rússia – 13,84;
Irão – 8,82;

“Velocidade” média MUNDIAL – 7,61% (7,81% na semana anterior);

Evolução “lenta” mas ainda perigosa (entre 7 e 3,5%):

Suécia – 4,49;
Espanha – 4,38;
Japão – 3,52;

Ritmo aceitável, mas ainda não controlado (crescimento entre 3,5 e 2%):

Turquia – 3,28;
Estados Unidos – 2,95;
Canadá – 2,93;
Grécia – 2,70;
Noruega – 2,47%;
República Checa – 2,41;
Reino Unido – 2,28;

A caminho da “extinção” (entre 2 e 1%):

Áustria – 1,76;
Israel – 1,65;
Cuba -1,19;

PORTUGAL – 1,18 (2,01% na semana anterior);

A “finalizar” (entre 0 e 1%) ou “Extinto” (0%)

Austrália – 0,98;
Alemanha – 0,95;
Dinamarca – 0,83;
Itália – 0,78;
Coreia do Sul – 0,71;
Irlanda – 0,64;
França – 0,54;
Bélgica – 0,51;
Holanda – 0,41;
Finlândia – 0,30;
Suíça – 0,11;
China – 0, 04;
Nova Zelândia – 0;
Palestina – 0;
Islândia – 0;
Singapura – 0;

No geral regista-se um abrandamento na velocidade de crescimento,  e a maior parte dos países baixaram de patamar.

Contudo registou-se um agravamento da velocidade na mortalidade em países onde, aparentemente já tudo parecia controlado, como a Espanha (embora mercê de uma correcção de dados) e, significativamente com o Japão, a Noruega, a Grécia, a República Checa e o reino Unido a piorarem bastante.

A África do Sul  passou a liderar a velocidade de crescimento.
Também o Irão registou uma subida no ”patamar” de crescimento

De registar o crescimento do número de países que registaram uma mortalidade próxima dos 0%, ou mesmo sem mortos a registar.

Sendo assim podemos considerar a morte pela epidemia práticamnete extinta em 16 países, cerca de metade dos 35 países analisados.

Portugal continua a descer a sua velocidade de mortalidade de forma significativa, descendo um patamar.

Existe uma outra forma de observar os dados da mortalidade, a percentagem de falecidos em relação ao total de infectados, que pode ser revelador da melhor ou da pior resposta do Sistema de Saúde de cada país, da melhor ou pior actuação das autoridades, sem esquecer ainda outros factores que podem interferir, como a capacidades imunológicas da população, hábitos, envelhecimento, clima ou genética.

Situação “negativa e trágica” (mortalidade acima dos 10% dos infectados):

França – 19,09 % de mortos em relação ao número de infectados registados;
Bélgica – 15,97;
Itália – 14,51;
Reino Unido – 14,01;
Holanda – 12,25;
Espanha – 11,47;

Situação “preocupante” (entre os 10 e os 5%):

Suécia – 8,45;
Canadá – 8,29;
Irlanda – 6,77; BCG
Grécia – 5,55; BCG
China – 5,45;
Suíça -5,37;
Japão – 5,34;
Média MUNDIAL – 5,15;

Estados Unidos – 5,19;

Situação “aceitável” (entre 5 e 2,5%) :

Dinamarca – 4,80;
Irão – 4,70;
Alemanha – 4,65;
Brasil – 4,59;
Finlândia – 4,57;
Áustria – 3,99;

PORTUGAL– 3,85; BCG

Cuba – 3,66;
República Checa – 3,18; BCG
Índia – 3,14;
Noruega – 2, 83;BCG
Turquia – 2,62;

Situação “boa” (abaixo de 2,5%):

Coreia do Sul – 2,24;
África do Sul – 1,97;
Nova Zelândia – 1,88;
Rússia – 1,40;
Israel – 1,45;
Austrália – 1,36;
Islândia – 0,54; BCG
Palestina – 0,32;
Singapura. 0,06.

Este é um dos quadros que melhor consegue aferir sobre a eficácia na resposta à crise.

Mais uma vez é muito positiva a posição de Portugal, que consegue estar melhor do que países como a Holanda e a Suécia (dois mitos com “pés de barro” e em situação muito preocupante), ou que a Grécia, a Dinamarca, a Finlândia ou a Alemanha, países geralmente apontados como “exemplares”. A Áustria piorou também a situação em relação a Portugal.

A situação de Portugal neste quadro é significativa pelo facto de Portugal testar numa média por habitante muito superior a esses países ditos “inteligentes” e com fama de terem sistemas de saúde   melhores do que o nosso

A Partir de hoje deixamos de publicar o quadro com a média de mortos por 100 mil habitantes por não se registar alterações na posição dos países observados, em relação à semana anterior,  pelo facto desse tipo de registo ser publicado em muitos sítios e pelo facto de esse tipo de comparação ser enganadora e falaciosa em relação a países de maiores dimensões ou de menor concentração populacional.

Sem mais comentários, fiquem com os dados e tirem as vossas conclusões.

Voltaremos para a semana com nova análise dos dados.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Covid, Redes Sociais e Torturadores de Estatísticas.


Confesso que começo a ficar farto da invasão de especialistas em estatísticas sobre a evolução do Covid-19, que proliferam por aí nas redes sociais.

Claro que as estatísticas podem ajudar a compreender a forma como o Covid-19 se propaga e, a partir delas, combater de forma mais eficaz a sua propagação e ajudar a tomar medidas de prevenção.

O problema é a utilização de forma abusiva dessas estatística para fazer chicana política ou com objectivos ideológicos, como se o Covid-19 tivesse tendência política.

Mais grave ainda é a manipulação abusiva dos dados estatísticos.

Sempre ouvi dizer que se “torturarmos” convenientemente os número eles dão-nos o valor estatístico pretendido.

A mais recente "tortura" dos dados estatístico do Covid-19 dá pelo nome pomposo “novos casos diários por 100 mil habitantes”, servindo, no caso que nos interessa, para justificar a injustificável atitude de países, como a República Checa ou a Dinamarca, em relação à situação portuguesa, atitude que tem, aliás, entre nós, muitos seguidores entre comentadores e propagandistas das redes sociais conotados com a direita populista.

Esquecem os que recorrem a esse “modelo”, altamente tendencioso e manipulável, quatro coisas simples: o vírus não evolui ao mesmo tempo e à mesma velocidade em todos os países; nem todos os países testam tanto como Portugal; os critérios para calcular infectados, por falha grande da União Europeia, não são todos iguais nos vários países; o envelhecimento populacional, factor que muito pesa na gravidade da infecção entre a população, não é idêntico nos vários países.

Por isso, só por má fé, propaganda ideológica ou pura ignorância é que podemos levar a sérios certos modelos estatísticos que proliferam nas redes sociais e entre comentadeiros.

Já sabemos que não estamos todos no mesmo barco, mas, ao menos, que estivéssemos a remara para o mesmo lado.

Precisa-se de mais solidariedade e menos rancor e intolerância.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

COVID-19 – Outra Maneira de Olhar para os Números (11ª Semana)

Aqui registamos, pela 11ª semana consecutiva, a   evolução da mortalidade do COVID-19 ao longo da última semana, a que decorreu entre o dia 11 e o dia  18 de Junho, a partir dos  dados hoje publicados no site da Organização Mundial de Saúde.

Continuamos a ter por base um grupo de 35 de países.

(Podem clicar AQUI para melhor comparar com a situação anterior e poderem ligar 10 post’s anteriores).

Começamos, como é habitual, pela lista do número de mortos registados até à data de hoje, embora os dados possam ter um atraso de um ou dois dias:

TOTAL DE MORTOS POR COVID-19 em todo o MUNDO – 444 813 mortos;

Estados Unidos – 116 702;
Brasil – 45 241;
Reino Unido – 41 969;
Itália – 34 405;
França – 29 481;
Espanha – 27 136;
Índia – 12 237;
Bélgica – 9 663;
Irão – 9 185;
Alemanha – 8 830;
Canadá – 8 213;
Rússia – 7 478;
Holanda – 6 070;
Suécia – 4 939;
Turquia – 4 842;
China – 4 645;

MÉDIA MUNDIAL POR PAÍS – 2 281; 

Irlanda – 1 709;
Suíça – 1 677;
África do Sul – 1 674;

PORTUGAL – 1 522;

Japão – 935;
Áustria –  681;
Dinamarca – 598;
República Checa – 331;
Finlândia – 326;
Israel – 302;
Coreia do Sul – 280;
Noruega – 242;
Grécia – 185;
Austrália – 102;
Cuba – 84;
Singapura – 26;
Nova Zelândia – 22;
Islândia – 10;
Palestina – 5.

Registaram-se algumas subidas no trágico “raking” da mortalidade, com o Brasil a tornar-se o segundo país com mais mortos, a Índia a aproximar-se do topo, a Suécia a ultrapassar a Turquia e Portugal a ser ultrapassado pela África do Sul e o Irão a ultrapassar a Alemanha e a Irlanda a ultrapassar a Suíça.

Um outro modo de olhar para esses números é observar o crescimento percentual de mortes registadas ao longo desta semana, podendo observar os países onde esse crescimento é maior, mais rápido e mais preocupantes e aqueles que registam um maior abrandamento:

Situação “descontrolada” (crescimento semanal acima dos 15%):

Índia – 51,40;
África do Sul – 38,34%;
Brasil – 17,79;
Rússia – 17,61;

com uma velocidade de crescimento “preocupante” (entre 15% e 7%):

Irão – 7,98;

“Velocidade” média MUNDIAL – 7,81% (7,47% na semana anterior);

Evolução “lenta” mas ainda perigosa (entre 7 e 3,5%):

Suécia – 4,70;
Israel – 4,56;
Estados Unidos – 4,21;
Canadá – 4;

Singapura – 4 (situação enganadora, pois parte de um crescimento baixo, de 25 para 26);

Ritmo aceitável, mas ainda não controlado (crescimento entre 3,5 e 2%):

Turquia – 2,38;

PORTUGAL – 2,01 (3,89% na semana anterior);

A caminho da “extinção” (entre 2 e 1%):

Japão – 1,63;
Coreia do Sul – 1,44;
Áustria – 1,33;
Noruega – 1,25%;
Cuba -1,20;
Alemanha – 1,15;
Irlanda – 1,06;
Grécia – 1,09;

A “finalizar” (entre 0 e 1%) ou “Extinto” (0%)

República Checa – 0,91;
Suíça – 0,90;
Dinamarca – 0,84;
Reino Unido – 0,76;
França – 0,74;
Holanda – 0,62;
Finlândia – 0,61;
Bélgica – 0,45;
Itália – 0,005;
Nova Zelândia – 0;
Austrália – 0;
Palestina – 0;
China – 0;
Islândia – 0;
Espanha – 0;

No geral regista-se um abrandamento na velocidade de crescimento, embora, a nível mundial, se tenha registado um ligeiro crescimento, mercê de um aumento em países com uma grande base demográfica .

A Índia passou a liderar a velocidade de crescimento.
Também o Irão registou uma subida no ”patamar” de crescimento

De registar o crescimento do número de países que registaram uma mortalidade próxima dos 0%, ou mesmo sem mortos a registar.

Mesmo as situações de Cuba e  Singapura são enganadoras, referindo-se a um único morto a mais numa semana.

Sendo assim podemos considerar a epidemia práticamnete extinta em 17 países, cerca de metade dos 35 países analisados.

Portugal continua a descer a sua velocidade de mortalidade de forma significativa, juntando-se aos países de “ritmo aceitável” embora ainda não controlado.

Contudo é o segundo país europeu, a seguir à Suécia, a crescer mais, embora menos que na semana anterior.

É significativo a quase estagnação no número de novos casos mortais nalguns dos países europeus mais atingidos.

Existe uma outra forma de observar os dados da mortalidade, a percentagem de falecidos em relação ao total de infectados, que pode ser revelador da melhor ou da pior resposta do Sistema de Saúde de cada país, da melhor ou pior actuação das autoridades, sem esquecer ainda outros factores que podem interferir, como a capacidades imunológicas da população, hábitos, envelhecimento, clima ou genética.

Situação “negativa e trágica” (mortalidade acima dos 10% dos infectados):

França – 19,26 % de mortos em relação ao número de infectados registados;
Bélgica – 16,06;
Itália – 14,48;
Reino Unido – 14,07;
Holanda – 12,36;
Espanha – 11,10;

Situação “preocupante” (entre os 10 e os 5%):

Suécia – 9,26;
Canadá – 8,25;
Irlanda – 6,74; BCG
Grécia – 5,87; BCG
Estados Unidos – 5,48;
China – 5,47;

Média MUNDIAL – 5,40;

Suíça -5,39;
Japão – 5,29;

Situação “aceitável” (entre 5 e 2,5%) :

Brasil – 4,90;
Dinamarca – 4,88;
Alemanha – 4,71;
Irão – 4,70;
Finlândia – 4,58;

PORTUGAL– 4,07; BCG

Áustria – 3,98;
Cuba – 3,68;
Índia – 3,33;
República Checa – 3,27; BCG
Noruega – 2,80;BCG
Turquia – 2,67;

Situação “boa” (abaixo de 2,5%):

Coreia do Sul – 2,28;
África do Sul – 2,03;
Nova Zelândia – 1,90;
Israel – 1,57;
Austrália – 1,38;
Rússia – 1,35;
Palestina – 0,67;
Islândia – 0,55; BCG
Singapura. 0,06.

Este é um dos quadros que melhor consegue aferir sobre a eficácia na resposta à crise.

Mais uma vez é muito positiva a posição de Portugal, que consegue estar melhor do que países como a Holanda e a Suécia (dois mitos com “pés de barro” e em situação muito preocupante), ou que a Grécia, a Dinamarca, a Finlândia ou a Alemanha, países geralmente apontados como “exemplares”, e pouco pior que a Áustria.

Muitos países registaram algumas melhoras neste ítem, em parte pelo aumento de testagem que, aumentando o número de infectados, manteve o ritmo da mortalidade

Contudo, estes números podem incorrer em erro, tendo em conta algumas falhas e algumas diferenças na forma de contabilizar os infectados ou registar os mortos por COVID-9.

Por isso, devemos cruzar aquela informação com o último quadro, onde se registam os números de mortos por cada 100 mil habitantes, dados que, apesar de mostrarem melhor a realidade comparada, podem ser “contaminados” pela base demográfica e pela dimensão de alguns países, disfarçando a gravidade da situação, muitas vezes concentrada apenas em certas zonas, como é o caso do Brasil.

Assinalamos pela primeira vez,  em itálico, os países com uma dimensão demográfica idêntica a Portugal (com, entre 7 milhões e 18 milhões de habitantes):

Bélgica – 84,35 mortos por cada 100 mil habitantes;
Reino Unido – 63,55;
Espanha – 58,06;
Itália – 56,68;
Suécia – 48,31;
França – 44,00;
Estados Unidos -35,50;
Irlanda – 35,18;
Holanda – 34,77;
Canadá – 21,60;
Brasil – 21,52;
Suíça – 19,66;

PORTUGAL – 14,78;

Irão – 11,17;
Alemanha – 10,64;
Dinamarca – 10,29;
Áustria – 7,68;
Finlândia – 5,90;
Turquia – 5,82;

MÉDIA MUNDIAL – 5,76;

Rússia – 5,09;
Noruega – 4,50;
Israel – 3,28;
República Checa – 3,09;
África do Sul – 2,84;
Islândia – 2,73;
Grécia – 1,72;
Índia – 0,89;
Cuba – 0,74;
Japão – 0,74;
Coreia do Sul – 0,54;
Singapura – 0,45;
Nova Zelândia – 0,44;
Austrália – 0,39;
China – 0,33;
Palestina – 0,10.

Este tipo de observação parece, contudo, distorcer bastante a realidade, “beneficiando” principalmente os países de grandes dimensões, devido à concentração regional dos surtos, com acontece, por exemplo, com o Brasil e a Rússia.

Neste quadro Portugal não se sai tão bem como nos anteriores, apesar de a mortalidade ser relativamente baixa, mas mantendo-se próximo de países ditos “exemplares” como a Alemanha, a Dinamarca ou a Áustria.

Em relação à semana anterior é de registar o agravamento da situação em países como a Irlanda, os Estados Unidos, o Brasil, o Irão, a África do Sul e a Índia

Sem mais comentários, fiquem com os dados e tirem as vossas conclusões.

Voltaremos para a semana com nova análise dos dados.