Confesso que me dá um forte ataque de alergia e me provoca intensa
comichão , cada vez que me deparo como os cometários de economistas,
jornalistas/comentadores (ou serão comentadores/jornalistas?) ou políticos “liberais”,
aos quais se juntam os burocratas de Bruxelas a falar do “escândalo” da subida
do salário mínimo.
O primeiro irritante começa logo por saber que essa gente não sabe o que
é viver com salário mínimo, nem mesmo com o salário médio.
Eu também não sei, mas tenho uma ideia, pois vivo com o dobro do mínimo
e um pouco acima do médio, conheço gente que vive com o mínimo e sei da
dificuldade para se chegar “intacto” ao fim do mês.
Penso que, de cada vez que alguém vem comentar o salário dos outros
devia ser obrigado a publicar em legenda de rodapé, como declaração de
interesse, qual é o seu salário ou rendimento ou, no mínimo, quanto recebe para
fazer esses comentários (provavelmente mais que um salário mínimo por meia hora
de comentários escandalosos!).
O segundo irritante, é ver tanta preocupação com o aumento do salário
mínimo, por causa da “competitividade” e da “saúde da economia”, e tão pouca
pelos milhões que saem para salvar as trafulhices da banca!!!
O terceiro irritante é que, com tanta preocupação com as “contas”,
esqueceramm-se de fazer as contas.
Vamos a então a elas:
Por um trabalho não qualificado, como a da limpeza da casa, paga-se por
aqui, há muito tempo, cerca de 5 euros à hora ( nos casos à minha volta varia
entre os 6 e os 6 euros e meio por hora).
Dando de barato os 5 euros à hora numa jornada de trabalho de 35 horas
por semana, uma média de 21 dias de trabalho por mês, num total de 147 horas, isso
daria 735 euros. Se fizermos as contas a 6 euros, daria 882 euros.
Essas contas estão por baixo, quer quanto ao valor de uma hora de
trabalho não qualificado, quer em relação às 35 horas semanais, ou até aos 21
dias, pois excluímos Sábado e Domingos, situações que estão aquém da realidade,
principalmente no sector privado.
Se existe algum escândalo, é no baixo valor do salário mínimo, que é o
ordenado pago a quase 1 milhão de trabalhadores portugueses, situação que se
agrava se tivermos em conta que cerca de metade do rendimento de quem trabalha
é utilizado para pagar a habitação.
Sabendo nós a forma descontrolada, esta sim, verdadeiramente escandalosa,
como têm subido os valores das rendas e da compra de imóveis nos últimos anos,
dá para perceber, só por aqui, quais são as condições de vida, não só de quem
vive com salário mínimo, mesmo que venha a aumentar para os valores que se anunciam,
mas também de quem vive com ordenado médio e queira ocupar uma casa em
condições.
Senhores economistas, senhores comentadores/jornalistas, senhores
políticos “liberais”, os vossos comentários, esses sim, é que são um verdadeiro
escândalo.
Continuem a alimentar o “Joker” ,
e vão ver onde isto vai parar.
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