Numa época em que, diariamente, tomamos conhecimento de mais um
politico apanhado nas teias da lei, ou responsabilizado pela degradação do
serviços públicos, ou envolvido em negociatas com o poder económico e
financeiro, a morte de uma figura como a de António Arnaut não é apenas mais
uma morte marcada pelas leis da natureza, mas uma verdadeira tragédia.
António Arnaut foi um exemplo raro de honestidade e dignidade no
exercício de um cargo público.
Como se isso não chegasse, foi ainda o rosto daquela que foi o exemplo
maior do “espírito de Abril”, a criação do Serviço
Nacional de Saúde (SNS).
Apesar de todos os ataques contra o SNS deferidos de todos os lados e por
todos o lóbis que procuram dificultar a sua concretização, como tivemos um
exemplo recente nos “recados” da Comissão Europeia com os “gastos” de Portugal
com o SNS, [é pena que não revelem a
mesma preocupação como os gastos para salvar o corrupto sistema financeiro
europeu…] a sua obra continua a resistir.
Apesar da tentativa de o desvirtuar a partir do “cavaquismo”, apesar de
quase ter sido arruinado pelo descalabro financeiro do “socratismo”, apesar da
tentativa oportunista de o destruírem no “passo- coelhismo” [com o resultado que todos
temos sentido nos últimos tempos], festim onde participaram e participam muitos
que nesta hora lançam loas de pesar pela morte do Homem, o SNS é um dos
pilares da nossa democracia.
Para além do SNS, o grande legado de Arnaut, é o que ele representa como
raro exemplo de honestidade politica, como um exemplo do que deve ser o
verdadeiro serviço público e do que se espera de um politico, de alguém que,
tendo um sonho, tudo fez para o concretizar e o defender até ao último suspiro.
Defender e aperfeiçoar o SNS é a
melhor homenagem que a nossa geração pode prestar à sua memória.
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