Por cá e por lá, Corbyn tem sido o bombo da festa dos comentadores do
costume, os tais que se babam todos quando se recordam de Blair, um político (vai-se
sabendo cada dia que passa) corrupto , que aprofundou o trabalhinho de destruição
social iniciado por Thatcher na Grã-Bretanha e foi um dos “rostos do mal” que conduziu a Europa e o Mundo à situação
actual de grande instabilidade e injustiça social.
Dizem os tais que Corbayn é “passado”, é “radical” e é contra a mítica “globalização”.
Para essa gente, ser “passado” e “radical” é defender coisas tão
simples como o direito à saúde, o direito à educação, o direito a uma vida
digna para quem trabalha, tudo direitos humanos, consignados na Carta dos
Direitos Humanos e Universais, com tanto peso como o direito a escolher quem
nos governa ou ter liberdade, pois a humanidade é um todo, não uma leitura
parcial, conforme as interpretações e as conveniências politicas, financeira ou
ideológicas de certos comentadores.
Passado é voltar a um século XIX sem direitos socias, de profundas
desigualdades socias e económicas, de uma democracia mitigada e parcial, que é
o que defende essa gente.
Radical é lançar na miséria, na desesperança, na instabilidade, na
guerra, é tirar um futuro digno às novas e às velhas gerações, que é o que o
sistema neoliberal que está na base de tão “abalizadas” opiniões propõe.
E, já agora, o simples facto de essas opiniões serem dominantes entre o
mundo dos nossos comentadores e políticos é já a prova da falta de liberdade
que existe no seio da nossa comunicação social, que só consegue existir porque
tem atrás de si o mesmo poder financeiro que defende com unhas e dentes e apenas
admite o contraditório em minoria, para disfarçar a falta de liberdade.
E já agora, sobre a mítica “globalização”, que leva muitas vezes à
frase idiota de que “o mundo mudou” (!!!!!....mas...não está sempre a mudar, desde a
pré-história???....), ela sempre existiu na história da humanidade, com esse ou
outro nome (“mundialização”, “colonização”, “descoberta”, “migração”…) , foi
sempre o rumo da história humana, mas a sua construção e irreversibilidade não
foi isenta de actos de desumanidade e de destruição . Defender a humanização da
“globalização” não me parece que seja um acto de “lesa-globalização”.
A irreversibilidade da “globalização” é evidente desde que os homens
existem, e lutar pela sua humanização não me parece uma atitude “conservadora”,
“passadista” ou “radical”.
Claro que essa gente defende um único caminho para a globalização, o da
globalização dos “mercados” e dos “capitais” do “mundo financeiro”. A
globalização da democracia social, da liberdade cultural e das gentes (como se
vê pelo modo como a “Europa” tem tratado o problema da emigração e dos
refugiados) não cabe nessa “globalização”.
Essa idéia de globalização, defendida por essa gente, essa sim, parece-me
profundamente retrógrada, conservadora, desumana e, cada vez mais, antidemocrática.
Por isso, é necessário recuperar as preocupações socias e humanistas
que construíram a Europa com a qual todos sonhámos e que foi construída por “trabalhistas”
e “socialistas”, antes da deriva “Blairista” ( e, já agora, por cá, … “socrática”…).
Essa Europa não é “passado” e defende-la não é “radical” e por isso
lideres que rompem com a deriva neoliberal blairista são sempre bem-vindos.
Obviamente, se fossemos ingleses, votaríamos Corbayn.
Sem comentários:
Enviar um comentário