O clima de optimismo que se vive em Portugal desde há dois anos, parece
estar agora a ser manchado pelo triste caso da escolha da sede para a Agência
Europeia do Medicamento.
O clima de optimismo deve-se à conjugação de vários factores,
potenciados pelo actual governo e pela situação que se vive na Europa.
Em primeiro lugar estes dois últimos anos provaram que é possível rigor
financeiro sem “austeritarismo” e sem aumentar os impostos sobre os cidadãos
cumpridores e que é possível fazer reformas sem usar o eufemismo das “reformas
estruturais” (leia-se : “cortes nos salários e pensões” , “destruição de direitos
socias”, “privatizações aos desbarato de sectores fundamentais para a economia
nacional”, “resgate de bancos falidos por irresponsabilidade e corrução das
suas lideranças”, “destruição do Estado Social “…).
O clima de paz social que se vive actualmente, ao qual se juntam feitos
em áreas como o desporto, a arte, a cultura e a ciência, bem como as condições
de segurança interna que fazem de Portugal um paraíso para o sector do Turismo,
tem-se combinado com as medidas de rigor alternativas aos “austeritarismo”
troikista e têm contribuído para o actual clima de optimismo.
Contudo, todo esse clima foi agora manchado pelo triste caso da Agência
Europeia de Medicamentos.
Claro que concordo que existe demasiado centralismo em Lisboa, mas
estou à vontade porque sempre fui um defensor acérrimo da regionalização.
Infelizmente, muito por culpa da falta de coragem de alguns políticos e
da alguns “jornalistas” (com Miguel Sousa Tavares à cabeça, é bom de recordar)
o debate que se fez sobre o tema e o referendo que se seguiu ficou viciado pelo
clima “futebolístico” em que se transformou o debate, levando à derrota desse
medida necessária e cujo adiamento, quanto a mim, é o principal responsável por
graves problemas estruturais do país.
Alguns desses anti-regionalistas são os mesmos que agora criticam a
localização que é defendida pelo governo para sede da agência.
Por isso não deixa de ser curiosa a forma como agora se discute a
localização de uma agência europeia em Lisboa, num momento em que a sua
localização em Portugal não é garantida, e está já perdida pela forma como o
debate foi lançado, por uns por puro oportunismo político (temos eleições
autárquicas à porta), por outros por mera irresponsabilidade política (como a
bancada do PSD no parlamento europeu, seguida por outros partidos).
“Esqueceram-se” todos que a questão foi debatida há mais de um mês no
Parlamento, altura em que deviam levantar a questão e que todos os partidos
políticos aprovaram, por unanimidade, no passado dia 11 de Maio, a candidatura
da cidade de Lisboa para sede daquela agência proposta pela bancada do PS.
Claro que tudo isto dá uma má imagem das elites políticas portuguesas e
vai contribuir para a derrota da candidatura de Lisboa.
Para a actual liderança do PSD isso é o que menos interessa, pois qualquer
derrota de Portugal alimenta a esperança de ela regressar ao poder.
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