A recente visita de Trump ao Médio Oriente começa a dar frutos.
A forma como acentuou o apoio dos Estados Unidos à ditadura saudita, ao
mesmo tempo que ameaçava o Irão, no mesmo dia em que os eleitores iranianos
escolhiam para presidente o mais liberal dos candidatos, resultou no actual
aumento de tensão, na forma absurda como vários Estados (?) àrabes resolveramcortar relações com o pequeno Qatar.
E quem são esses Estados?: no anárquico “Estado” da Líbia, a facção apoiada
pela Arábia Saudita; no “Estado” falhado do Iémen, a facção apoiada pelo mesmo
reino (paradoxalmente em aliança com o mesmo Qatar); a ditadura militar do
Egipto; os tradicionais aliados da Arábia Saudita dos Emirados Árabes Unidos…
Recorrendo à moda “trumpista” dos “factos alternativos”, a imprensa
saudita foi preparando o terreno para que a opinião pública aceitasse a
diabolização do Qatar, misturando a verdade, o apoio do Qatar à Irmandade
Muçulmana, no Egipto, e ao Hamas na Palestina, bem como alguma abertura ao
regime iraniano, com a mais absurda mentira, a do apoio do Qatar à Al-Qaeda e
ao Daesh!!!.
Como toda a gente sabe, a Al-Qaeda e o Daesh são apoiados, militarmente e financeiramente,
pelos sunitas, não se conhecendo até onde vai o envolvimento do próprio Estado
saudita nesse apoio.
Não deixa, aliás, de ser desconcertante o prometido negócio de
armamento de milhões, entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, feito por
Trump na visita ao Médio Oriente, sabendo-se que grande parte desse armamento
vai ser canalizado para grupos jhiadistas apoiados pelos sauditas, entre os
quais a Al-Qaeda e o Daesh, que combatem na Líbia, na Síria, no Iraque e no Iémen…
O grande objectivo de Trump para o Médio Oriente não é o combate ao Daesh ou à Al-Qaeda, mas
diabolizar o Irão.
Ao armar a Arábia Saudita da forma como prometeu, aposta tudo neste
país para uma guerra, de consequências imprevisíveis contra o Irão, exactamente
no momento em que este país, de maioria xiita, começava a abrir-se ao mundo.
O objectivo é, seguindo a velha máxima guevarista, criar “dois, três,
muitos Daeshs” para desestabilizar ainda mais toda a zona, reforçando a
ditadura egipcia, o Estado totalitário da Arábia Saudita e os falcões
extremistas que tomaram conta do estado de Israel.
Os objectivos são muitos: derrotar os xiitas, destruir e desestabilizar
o Irão, afastar o torcionário Assad, não por razões humanitárias, mas para
reforçar a influência sunita e afastar os Russos do terreno, controlar a historicamente
importante região do Médio Oriente do Iraque, e todos os seus recursos, em
especial o petróleo, que continua a ser crucial na cruzada anti ambiental de
Trump e, pelo meio, afastar igualmente a Europa e as suas “absurdas” ideias democráticas
e liberais para a região.
O que aconteceu ontem é já o primeiro sinal da nova era pós-Daesh que
Trump pretende construir no Médio Oriente.
As consequências vão ser trágicas...mas muito lucrativas para alguns!!!.
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