Espanta-me que jornalistas/comentadores (ou vice-versa…) , informados e
esclarecidos, alguns com uma longa experiência de vida, se espantem com a
imprevisibilidade do momento presente que resultou das políticas “austeritárias”
da última década.
Espanta-me que muitos desses jornalistas/comentadores, grandes
entusiastas das políticas de “ajustamento” e das “reformas estruturais”, se
espantem com a imprevisibilidade das opções políticas e eleitorais dos cidadãos
europeus e norte-americanos confrontados com o resultado dessas mesmas
políticas.
Espanta-me ainda que os mesmos jornalistas/comentadores, confundam o
legitimo desejo dos cidadãos por políticas mais justas, do ponto de vista
social, em defesa dos direitos socias consignados na já velhinha, mas pouco
cumprida, Cartas dos Direitos Humanos ou em documentos da própria União
Europeia, seja confundido com o “populismo” da extrema-direita, pondo no mesmo
saco Le Pen e Melanchón, Trump e Sanders, Farage e Corbyn…
Para esses jornalistas/comentadores a defesa dos direitos socias, da
dignidade no trabalho, da melhoria das condições de vida das populações, de um
Estado Social que garanta uma educação, um sistema de saúde, uma habitação condigna
para todos os cidadãos, de combate às desigualdades económicas e socias, é tudo
metido no mesmo saco do “radicalismo”, do “extremismo”, do “populismo”, do “conservadorismo”.
Para esses jornalistas/comentadores a defesa de um simples programa
social-democrata é sinónimo de “passado” e “anti-globalização”….enfim…”populismo”!!!!
Bastava lerem ou estudarem a história dos anos 10, 20 e 30 do século
passado para não se sentirem tão espantados perante a “imprevisível” realidade actual.
Como acredito que até leram, e como não acredito que esses
jornalistas/comentadores exprimam as suas opiniões por ignorância, então só
posso atribuir tais opiniões ou a má-fé
e preconceito ideológico, ou à sua dependência profissional e financeira de quem controla os órgão de
informação, que é o mesmo poder financeiro que tem beneficiado com as políticas de “ajustamento” e as “reformas
estruturais” que eles tanto defendem e que
têm conduzido a Europa e os Estados Unidos à actual situação de “imprevisibilidade”
que tanto os atormenta.
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