A polémica à volta da situação dos novos administradores da Caixa Geral
de Depósitos já se arrasta há demasiado tempo e está a tornar-se num grande
pedregulho no “sapato” do actual governo.
O processo foi conduzido mal desde o princípio, com reuniões secretas e
promessas de regalias que escandalizam um país ainda a sair de um duro e
injusto resgate.
Se o salário dos gestores já era um tema escaldante, depois de anos de ataque aos salários e às
pensões dos funcionários públicos e ainda por cima num sector, como o círculo
restrito dos banqueiros, de onde emanam as opiniões diárias sobre os salários
dos portugueses “acima das possibilidades” e o receios pelo “aumento do salário
mínimo”, a reacção dos gestores nomeados para a CGD à obrigação legal de
apresentarem ao Tribunal Constitucional as respectivas declarações de
rendimento deixou de ser um caso de legalidade, passou a ser uma questão de
ética e credibilidade.
Não concordo com a devassa pública sobre os rendimentos desses
gestores, mas não é essa a questão. O tribunal Constitucional , de acordo com a
lei, deve ter conhecimento desses dados e avalizar da sua legalidade, sem os
poder divulgar publicamente. E, havendo alguma ilegalidade, deve encaminhar a informação
para os tribunais, chumbando para o cargo quem estiver nessa situação. Tão
simples como isso.
Ora o que acontece é que a recusa daqueles administradores em
presentarem essa informação, à qual estão legalmente obrigados, e, mais grave
ainda, sabendo-se que alguma da informação que já prestaram está incorrecta ou
incompleta, minaram qualquer credibilidade que deve ter um gestor público que
lida com o dinheiro dos cidadãos.
Costuma-se dizer que quem não deve não teme e queles gestores, mesmo
que não tenham nada a esconder, têm-se comportado como se andassem a esconder
alguma coisa do Tribunal Constitucional.
Por isso, daqui para frente, não têm qualquer credibilidade para o
exercício do cargo e devem-se demitir (ou ser demitidos) o mais rapidamente possível
para não causarem mais danos a um banco como a CGD, danos que se vão reflectir,
mais tarde ou mais cedo, nas finanças do país e no bolso dos contribuintes.
A actual situação só interessa aos que pretendem a privatização da CGD...não será essa a intenção dos que a descredibilizam!!!???
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