O que não deixa de ser curioso é que essa monstruosidade
política, que dá pelo nome de Angela Merkel, venha defender a austeridade na
Europa durante mais cinco anos, num comício interno, quando a Alemanha não vive
em austeridade, antes pelo contrário, tem sido a grande beneficiada da
austeridade dos outros.
Assim, o apelo à austeridade europeia é dirigido apenas a um
grupo de países, aqueles que sofrem na pele a desastrosa teimosia da srª Merkel
em apostar na destruição do Estado Social, no empobrecimento dos cidadãos
europeus, na destruição de direitos conquistados num século e na desvalorização
do factor trabalho e produtivo, tudo em nome dos “mercados”.
E que “mercados” são esses? Se já nem o FMI e os Estados
Unidos acreditam na austeridade para resolver a crise europeia, só sobram os
chineses e os banqueiros alemães.
Pois bem, sendo assim, está visto que a Europa que a srª
Merkel quer apresentar ao mundo é uma Europa que possa concorrer com os
trabalhadores Indianos e Chineses, isto é, onde os salários sejam miseráveis e,
em termos sociais, seja o “salve-se quem poder”, no meio da miséria generalizada.
Pensa a srª Merkel ser possível viver assim nos próximos
cinco anos? Se ela pensa assim, então não tenhamos dúvidas que a sonho Europeu
de prosperidade com direitos, liberdade, democracia e desenvolvimento está-se a
transformar numa mera utopia e nos devemos preparar para viver novamente o
pesadelo da miséria e da guerra. É caso para dizer que, para a paz na Europa,
da Alemanha “nem bom vento nem bom casamento”.
A Alemanha já destrui a Europa por duas vezes (1ª e 2ª
Guerra) , e foi salva por ela por três vezes (Plano Marshal, ajuda durante a
Guerra Fria e apoio à unificação), mas isso não parece demover os líderes
políticos da Alemanha. Depois de ter ensaiado na ex-jugoslávia a política de
destruição dos povos balcânicos, prepara-se agora para ensaiar a balcanização
da União Europeia, acreditando que sairá incólume do desastre.
Com gente como esta a dirigir os destinos da Europa é muito
provável que não exista, nem euro, nem União Europeia daqui a cinco anos, e a
Europa esteja mais uma vez envolvida num conflito de dimensões trágicas.
É caso para apelar a que, da próxima vez, que já não será na
minha geração, os europeus não se dêem ao trabalho de voltar a salvar a unidade
alemã, porque estes, assim que estejam recompostos, deitarão às urtigas a solidariedade
europeia e regressarão ao velho sonho imperialista de dominar a Europa, seja
pela via das armas, seja pela via da economia, ou por ambas.
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