O Sol resolveu apoiar a greve geral e o mar de Santa Cruz
estava magnífico.
Costuma-se dizer que, no amor, quem perde, quando não é correspondido, é quem é amado e quem ganha é quem ama.
Neste dia de Greve quem ganhou foi quem a fez, mesmo perdendo
o ordenado do dia .
Infelizmente muita gente que tinha razões para a fazer e a
queria fazer não a pode fazer, muitos porque estão no desemprego, outros porque
vivem em condições de trabalho precárias, sujeitos a muitas arbitrariedades e
ameaças por parte das entidades patronais, uns porque já vivem em situações
económicas tão más que perder um dia de salário faz diferença.
Por isso, porque estou numa situação um pouco mais
confortável (por enquanto) do que muitos desses, fiz esta greve também por
eles, porque entre aqueles casos estão muitos amigos e familiares meus.
Esta Greve Geral terá sido um êxito, mas esperamos que não
se banalize esta forma de luta. Uma das novidades desta Greve foi a sua
dimensão europeia, colocando novos desafios ao sindicalismo. Há muito tempo que
defendo que, hoje em dia, a luta tem de ser global, ao nível de toda a Europa e
só assim terá efeito e fará sentido.
Patéticas foram as aparições de Cavaco Silva e Passos Coelho
e as afirmações que fizeram.
O presidente fez uma das suas raras aparições dos últimos
meses para dizer que …ía “trabalhar”. Fez-me lembrar alguns colegas de trabalho
que pouco trabalhavam ao longo do ano, faltavam a torto e a direito mas, em dia
de greve, lá estavam a marcar a sua presença no local de trabalho.
Já Passos Coelho veio dar uma de Rajoy felicitando os que
tiveram “coragem para ir trabalhar” ele que tanto se tem empenhado para
aumentar o desemprego e a precaridade no mundo do trabalho.
Infelizmente o dia acabaria mal, com a aparição de grupos extremistas que
resolveram provocar cobardemente a polícia, que se tem portado com dignidade.
Desta vez a polícia teve razão. Bem fez a Intersindical em demarcar-se desses
grupos e bem esteve igualmente o Ministro da Administração Interna, separando o
trigo do joio e desresponsabilizando a CGTP pela violência desses grupos.
Por enquanto a violência nas manifestações é minoritária e
lideradas por provocadores extremistas, mas a continuar pela via de destruição
da classe média e de empobrecimento geral dos portugueses, o governo pode ter
de enfrentar, no futuro, outro tipo de violência, mais “genuína” por parte
daqueles que cada vez têm menos a perder e cujo número está a aumentar como
desemprego e a precaridade que atinge fortemente a juventude.
Embora esses acontecimentos tivessem feito as delícias se
certa comunicação social, sempre disponível a valorizar a árvore em vez da
floresta, penso que esses lamentáveis acidentes não nos podem fazer esquecer o
carácter do protesto pacífico que esta jornada de greve representou e o impacto
Europeu desta primeira jornada de protesto global.
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