Quem já esteve na Catalunha, em Barcelona por exemplo, sabe
que aquela região é muito diferente do resto da Espanha.
Aí nem o espanhol é falado e, quando visitei pela primeira
vez Barcelona, deparei-me com um cidade que tinha uma dinâmica que nos remetia
mais para a realidade nórdica do que para aquilo que era a realidade ibérica,
comparativamente, por exemplo, quer com Portugal, quer com a Galiza ou Castela.
Por isso o desejo independentista da Catalunha era um desejo
latente desde sempre, ainda por cima numa região que nunca simpatizou com a
monarquia espanhola como regime.
O que me surpreende é a histeria que tomou conta da Comissão
Europeia, chegando ao desplante de chantagear os independentistas catalães.
É que a União Europeia e o bando antidemocrático que a
dirige na Comissão e no Conselho não tem qualquer moral para interferir com a
escolha, que será democrática, do povo catalão.
Foi com o apoio da União Europeia, com a Alemanha à frente,
que se destruiu o estado da Jugoslávia.
Foi com esse apoio que a Checoslováquia foi dividida, isto
já no seio do espaço da própria UE.
Foi ainda a UE que integrou apressadamente, com custos para
todos nós, os estados báltico que se libertaram da Rússia.
Alguns desses histéricos vêem agora com alivio o facto de a
CyU, o partido nacionalista que tem dirigido os destinos da Catalunha, não ter
obtido a maioria absoluta. “Esquecem-se”, convenientemente, que aquele partido
da direita conservadora catalã perdeu essa maioria para partidos, como a Esquerda
Republicana, que são ainda mais consistentes na defesa da independência.
A fuga
de votos da CyU aconteceu porque muitos, que defendem a independência,
desconfiam do histórico oportunismo político da CyU e da sua sinceridade em
relação à defesa da independência.
Até porque, os grandes derrotados foram os
partidos “espanhóis”, o Partido Socialista e o PP.
Por isso não percebo muito bem a histeria e as falácias
daquela gente em relação à Catalunha.
Claro que a independência daquela nação vai trazer
problemas, para os quais alerta o meu amigo Manuel Monteiro (ver em baixo), com quem divirjo quase
sempre nesta e noutras questões. Mas é importante reflectir sobre as suas ideias,
mesmo aqueles, como eu, que são defensores do direito da Catalunha à
independência.
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