AS PALVRAS DE RUI VIEIRA NERY.
"Não há muito a dizer sobre o meu Pai que não seja por demais
sabido de todos os que o conheceram, o admiraram e o estimaram - e foram tantos
ao longo dos seus noventa e um anos de vida e mais de oitenta de carreira! Por
isso mesmo a minha Irmã e eu tenhamos sido, ao longo destes dois últimos dias
tão tristes, inundados de carinho, a um ponto que nunca poderíamos agradecer
devidamente.
"O meu Pai era um bem-amado. Viveu sempre cercado de afecto e
de admiração, e talvez por isso esteve sempre de bem com a vida, mesmo nos
momentos mais difíceis dos últimos anos.
"Como músico, foi por certo um dos grandes intérpretes de
sempre da guitarra portuguesa e um dos mais extraordinários acompanhadores de
Fado de todos os tempos. Como engenheiro, a face menos pública da sua carreira,
deixou uma imagem de competência, de dedicação e de responsabilidade. Como
pessoa era um homem sereno, gentil, afável, com a cortesia natural de um grande
Senhor. Como Pai era atento, carinhoso, e estava sempre presente nas nossas
vidas, mesmo à distância, como o nosso melhor Amigo. E acima de tudo foi sempre
um homem bom.
"Enganou por várias vezes a morte, quando ela parecia, de
cada vez, inevitável, até que agora se cansou e se lhe rendeu. Talvez tivesse
achado que a homenagem que lhe foi prestada no passado 10 de Junho pelo
Presidente da República, em nome de todos os portugueses, era uma boa ocasião
para se despedir. Depois, com aquele mesmo sorriso doce que era tão seu,
deixou-se mergulhar "suavemente nessa boa noite", como dizia o poeta
Dylan Thomas.
"Vai fazer-nos muita falta. Que Deus o acolha e o tenha na
sua santa guarda".
Rui Vieira Nery (fonte: Facebook)
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