Aí pelos anos 80 houve um grupo de rock de Torres Vedras, os
CTT, que conheceram os seus quinze minutos de fama com um tema que tinha por
estribilho o grito “Destruição! Destruição!Destruição!”…
Já não me lembro do resto do tema nem da musica, mas este “verso”
vem-me à memória cada vez que oiço um burocrata “responsável” pelos destinos
europeus ou um qualquer cinzentão do mundo financeiro virem defender o seu
modelo de “resolução” da crise, que passa sempre pelos mesmos princípios:
austeridade, redução de direitos socias, limitações aos serviços socias,
desvalorização do valor do trabalho.
Como é óbvio a entrevista de Jens Weidman, presidente do
Bundesbank, reforça com o fanatismo de sempre, a que já estamos habituados por
parte dessa gente, aquele “programa” de destruição social da Europa.
Ficamos a saber que o aumento dramático do desemprego e da pobreza, o
agravamento da recessão e a destruição das funções sociais dos estados, é, para
essa gente, um sinal de que o memorando de austeridade está a ser “bem aplicado”
e no “bom caminho” em Portugal e na Irlanda, e terá o mesmo destino em Espanha e em Itália.
Mas o mais grave nessa entrevista está nas ameaças veladas,
em primeiro lugar à Grécia e em segundo aos restantes países do sul: ou mantêm
a rota da austeridade aplicada por essa gente ou “arriscam-se a uma saída do
euro”.
Pessoalmente, já não sei se a saída do euros é uma ameaça ou
não seria, pelo contrário, uma benesse para esses países e para os seus
cidadãos.
Olhando para a situação grega, não só vejo aí o futuro que
nos espera, como não vejo aí qualquer futuro. Sair do euro pode ser doloroso no
início, mas para os gregos e para os portugueses desempregados e viveendo em dramáticas condições de miséria e pobreza, por exemplo,
dor maior do que aquela que sofrem, ainda por cima sem futuro à vista, já não
será possível, com ou sem euro. Pelo menos a saída do euro obrigaria à procura
de alternativas e, penso, em dois ou três anos, os Gregos, e os países do sul
que saíssem do euro, iriram encontrar um rumo e talvez um futuro melhor do que
aquele que os mercados financeiros, a Comissão Europeia e a Srª Merkel
preconizam para as próximas décadas.
Claro que todos aqueles que, na Grécia, na Irlanda, em
Portugal, em Espanha, ou na Itália, beneficiaram com o euro e as medidas de
austeridade (políticos corruptos, banqueiros, especuladores financeiros,
grandes empresários), terão tudo a perder. Mas para o resto da população em
sofrimento, já nada há a perder…até podem ganhar alguma coisa.
Penso até que o “grande medo” é que a Grécia, saindo do
euro, consiga recuperar rapidamente da miséria em que vive, o que seria um “mau
exemplo” e punha em questão o modelo de austeridade que aquela gente preconiza.
Dessa gente, como se pode confirmar pela entrevista que pode ser lida, parcialmente, em baixo, com a sua austeridade, só podemos esperar ….Destruição!
Destruição! Destruição
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