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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Uma década para esquecer...que a próxima recomece a esperança do novo século

O ano de 2010 encerra a primeira década do século XXI e não se pode dizer que encerre da melhor forma.

Em muitos aspectos esta década foi uma década perdida, em Direitos Sociais e Humanos.

Esta década foi igualmente marcada pelo crescente declínio do Ocidente, iniciado primeiro pelos Estados Unidos com as políticas de Bush e, mais recentemente, acentuado pela forma como a União Europeia se deixou enredar nos egoísmos nacionais e no mito neo-liberal.

Curiosamente os Estados Unidos, com a chegada de Obama ao poder, foram os primeiros a tentar reagir às políticas económico-sociais que atiraram o ocidente para a crise e a decadência, embora a reacção conservadora não anuncie nada de bom para o futuro dessa nação. Quando os Republicanos voltarem ao poder, o descalabro norte-americano será inevitável. Felizmente esse dia ainda está longe.

Já a União Europeia, que sempre se apresentou como campeã da democracia e dos direitos sociais, entrou num período de total desnorte, reduzindo direitos sociais e colocando mesmo em causa um necessário aprofundamento do funcionamento democrático das suas instituições.

A UE parece sofrer do sindroma atribuído à história empresarial: a primeira geração constrói, a segunda desenvolve e a terceira destrói.

Ora a actual geração de líderes europeus parece transportar consigo esse “sindroma da terceira geração”: gente ignorante sobre o seu passado, arrogante em relação aos cidadãos que representa, economicamente corrupta e irresponsável, socialmente incompetente, está a conduzir a UE para o caos.

Bem sintomático do total descrédito da actual geração de líderes europeus foi o modo como se anunciou, no princípio do ano agora findo, o Ano Europeu Contra a Pobreza, ao mesmo tempo que todos os passos dados na área económica e social por esses mesmos líderes, ao longo deste mesmo ano, irem no sentido do aumento da pobreza e das desigualdades, principalmente nos países mais fracos da comunidade.

Sem projecto viável para o futuro de uma Europa mais democrática, socialmente mais justa e economicamente mais competente, e sem respeito pela identidade construída no passado por várias gerações de europeus, que se baseou na defesa e aprofundamento consequente da democracia, dos direitos sociais e económicos , a actual geração de líderes europeus em muito está a contribuir para a decadência acentuada do modelo ocidental.

Quem beneficia com o enfraquecimento desse modelo são as economias asiáticas, com destaque para a China e a Índia, cujo modelo de desenvolvimento se baseia na generalização do dumping social, nos salários miseráveis, na falta de direitos sociais e políticos por parte dos seus trabalhadores, no desrespeito pelo ambiente, nas degradantes condições de trabalho, modelo que muito parece agradar ao capitalismo financeiro sem rosto, os tais “mercados”, que o procuram “vender” aos corruptos lideres europeus, em troca da destruição do Estado Social.

Em contrapartida ao verdadeiro genocídio social que está a marcar estes primeiros anos do século XXI, surgem alguns sinais de esperança na construção de novos modelos económicos e sociais, quer na América Latina, liderada pelo exemplo do Brasil, e em África, que começa a despertar a partir do exemplo Sul Africano.

Sendo a evolução da Rússia uma incógnita, países como o Canadá, a Austrália ou a Noruega parecem ser um oásis excepcional no descalabro ocidental.

Finalmente, Portugal tem-se deixado arrastar, como um bom aluno de um mau professor, pelas políticas anti-sociais impostas pelos líderes europeus, não deixando de ser irónico que tenha sido o primeiro governo socialista de maioria absoluta a iniciar a destruição do frágil e marginal Estado Social que existia no país.

Iniciando uma nova década, o ano de 2011 anuncia-se como um dos mais negros na história da Europa desde a Segunda Guerra.

O que se anuncia parece indicar o início do fim de 65 anos de paz e estabilidade na Europa.

A esperança deixou de residir neste continente e seria bom que surgisse em Portugal uma liderança política que olhasse para fora da Europa como única forma de sobrevivermos ao descalabro para onde, pela terceira vez em cem anos, o egoísmo, a ganancia e a arrogância da liderança política alemã conduz o velho continente.

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