Parece que “os mercados” andam "nervosos".
Mas o que é isso dos “mercados”? Uma entidade abstracta, espécie de Deus, que controla lá de cima os nossos instintos consumistas e nos impõe modelos produtivos?
Os “mercados” são de pele e osso.
Se vivêssemos numa verdadeira social-democracia, os “mercados” éramos todos nós, eu, você, as pessoas que vivem à nossa volta.
Se vivêssemos numa verdadeira social-democracia (diria mesmo mais, numa verdadeira democracia…), éramos nós, através do nosso trabalho, da correcta canalização das nossas poupanças, do controle sobre o que produzimos, onde os accionistas maioritários das empresas eram os próprios trabalhadores, onde se consumia de acordo com as necessidades reais e culturais que constituíamos “o mercado” .
Infelizmente não vivemos numa social-democracia e os “mercados” são uma entidade humana, mas cobardemente sem rosto.
Os “mercados” são as tais agência de rating, que se alimentam da especulação e da miséria que as suas decisões acarretam. Cada vez que ameaçam um país, os especuladores, os mesmos que pagam para elas existirem, ganham milhões no “mercado” accionista. À custa da miséria de muitos, provocada pela situação financeira imposta por essas agências, constroem-se, do dia para a noite pequenas e grandes fortunas.
Os “mercados” são as bolsas .Nas bolsas, tal como elas existem, só ganha quem tem muito dinheiro para investir. Grande parte das fortunas feitas em bolsa não o foram à custa da produção ou do trabalho, mas da especulação mais acintosa, com lavagem de dinheiro e fuga a impostos. A “democratização” da bolsa, com a entrada dos pequenos investidores é um bluff e uma falácia.
Os “mercados” são os bancos, que, depois do desvario dos últimos anos, que levou o mundo à beira da catástrofe, estão agora aflitos para pagarem os juros dos empréstimos que contraíram, e por isso pressionam os Estados, não só a ajudá-los, com o dinheiro dos contribuintes, mas também a reduzir-lhes os impostos sobre os lucros fabulosos. Aflitos com os juros especulativos, exigem contenção orçamental para melhorar a situação dos bancos nacionais face aos piratas das agências de rating e da bolsa.
Para esses “mercados” funcionarem, sem que haja uma revolta generalizada sobre a ditadura económica e social por eles imposta, a maior parte da comunicação social ajuda a passar a mensagem das medidas que “os mercados” exigem, e fá-lo porque essa mesma comunicação social está nas mãos dos bancos.
Este é o círculo vicioso em que vivemos e do qual não se vislumbra saída a curto prazo.
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