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terça-feira, 14 de setembro de 2010

O FMI afasta-se das receitas europeias?

“O mercado laboral está numa situação catastrófica (…) as regras do jogo mudaram" e esta situação não se inverterá com “as velhas receitas”.

"Os desempregados sofrerão uma perda permanente nos seus rendimentos, uma redução da esperança média de vida e os resultados académicos e salariais dos seus filhos também serão afectados negativamente".

"Se não se adoptarem as políticas adequadas para fazer frente a esta tragédia, o custo económico e social será tremendo, porque estamos a falar de uma geração perdida".

Quem fez estas afirmações, não foi um “perigoso” sindicalista” ou um “radical comunista”.

Foram palavras do director geral do FMI!.

As afirmações foram proferidas este fim-de-semana durante uma conferência, a decorrer em Oslo, onde se reúnem responsáveis da OIT e do FMI, juntamente com alguns líderes políticos, para se debater a grave crise actual do mercado de trabalho.

Infelizmente, apesar dessas afirmações terem vindo do mais alto responsável da organização que, ao longo de anos, levou muitos países à miséria, tendo contribuído para a crise que se vive actualmente com as suas receitas económico-financeiras neo-liberais, o espaço a elas dedicado pela comunicação social não passou, na maior parte dos casos, das notas de rodapé.

Tais afirmações põem em causa as velhas receitas orçamentais e monetaristas adoptadas na União Europeia.

Sem um maior investimento público, sem apoios sociais, sem revisões profundas sobre as condições das reformas (adoptando um tecto máximo e incentivando-as para dar lugar às novas gerações), sem melhoria salarial, sem maior qualificação, sem maior redistribuição da riqueza e do tempo de trabalho, sem incentivos coerentes à natalidade, os piores prognósticos para o resultado desta crise cumprir-se-ão.

Na Europa, liderada por Durão Barroso, Trichet (coadjuvado por Victor Constâncio), mais aqueles dois de cujo nome nem eu nem ninguém se lembra, manobrados pela srª Merkel e pelo sr Sarkozy, com figurinhas de segundo plano como um Sócrates ou patéticas como um Berlusconi, não há grande esperança para resolver a crise, muito menos a favor de quem trabalha.

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