Pesquisar neste blogue

terça-feira, 5 de abril de 2022

…Da “santidade” da Guerra!



Para lá dos relatos diários das atrocidades cometidos numa guerra iniciada e desencadeada pela Rússia de Putin, responsável máximo por todas as atrocidades cometidas na Ucrânia, mesmo pelas que não sejam cometidas "apenas" pelo exército russo (tal como não ponho as “mãos no lume” em duvidar das acções  criminosas das forças militares russas, apoiadas em milícias, mercenários e terroristas, também não ponho as “mãos no lume” pela acção de algumas milícias civis, batalhões “azov” e mercenários que lutam do lado ucraniano) , temos agora que aturar comentadores com um discurso onde se procura acusar os defensores da paz de “colaboracionistas” com os crimes de Putin.

É um discurso redutor, falacioso, ignorante, simplista, e intelectualmente desonesto e terrorista.

Como se a guerra fosse um fim em si, como se a paz não fosse o único objectivo civilizacional e humano, como se a guerra não fosse uma excrescência “medieval” em pleno século XXI .

Ainda mais grave, esses “guerreiros de sofá”, ora ridicularizam os , ora recorrem a uma retórica de adjectivação agressiva contra os "pacifistas" (para eles, os “pacifistas” são “intelectualmente indigentes”, “vergonhosos”, "ignóbeis", "despeziveis", “mentirosos”, “moralmente inferiores”, “sem escrúpulos”, “irrazoáveis”, “ofensivos”… “defensores de Putin”... usando, aliás, adjectivos parecidos aos de Putin para apoucar a causa ucranina...).

Para esses, recordar que a “história” começou antes do dia 24 de Fevereiro, contextualizar, tentar perceber, procurar a verdade, recordar outras guerras, passadas ou presentes, tão criminosas com esta guerra de Putin,  é, para esses iluminados, simplesmente, “colaborar com Putin”.

A isto chamo “bulling” intelectual.

Uma coisa é o direito de defesa militar perante uma agressão criminosa, injustificada (como se houvesse guerras justificadas!!!), como o faz o povo, o governo e o exército ucranianos, outra é manter uma agressiva retórica belicista, ateando a fogueira da guerra, como se houvesse quase um desejo de “guerra permanente”, como única forma de “garantir” a liberdade e a democracia.

Será caso para perguntar, para que servem a liberdade e a democracia, para que serve a defesa de um povo agredido, se o objectivo final não for o de construir a  paz!

Sem comentários: