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sábado, 21 de março de 2020

“O Dia da Marmota”



Hoje, ao acordar, a primeira coisa que me veio à memória foi o filme “Feitiço do Tempo”, aquele em que Bill Murray interpreta um jornalista que fica preso no mesmo dia, numa vilória norte-americana onde o personagem por ele interpretado, um jornalista , foi fazer a cobertura do “dia da Marmota”.

Devido a uma estranha  tempestade magnética, todos os dias acorda no mesmo dia e as cenas repetem-se, monótonas, sempre iguais, situação só percetível por esse personagem, que aproveita para aperfeiçoar as situações vividas, sem conseguir sair desse dia.

É assim que eu, e muitos outros retidos em casa, se sentem, nestes dias de interminável espera.
Limitados ao espaço da casa, os gestos vão-se repetindo diariamente, sem a liberdade e a diversidade vivida, apesar de tudo, naquele dia infindável de Bill Murray.

O grande momento do meu dia é o dos breves passeios com as minhas cadelas, no relvado em frente à “Madeira Torres”, num silêncio estranho, apenas cortado por um raro automóvel que passa, interrompendo momentaneamente o chilrear dominante de melros e rolas, com outros sons da passarada que, antes, nem me apercebia que existiam.

Dia Grande é o da ida ao supermercado, uma ou duas vezes por semana, agora estranhamente calmo e silencioso.

Até quando vai durar o nosso “dia da marmoata”?

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