A vitória do “Brexit” foi o desfecho lógico da
irresponsabilidade das lideranças não democráticas das instituições europeias
nos últimos 15 anos, que tiveram como responsável máximo Durão Barroso.
A vitória do “Brexit” é igualmente o desfecho lógico das
“reformas estruturais” impostas aos cidadãos europeus nos últimos anos por
instituições europeias sem controle democrático, para salvar o corrupto sistema
financeiro, à custa de cortes salariais e nas pensões, desemprego e aumento de
precariedade, retirada de direitos socias, degradação do Estado Social e
aumento das desigualdades e da pobreza.
A vitória do “Brexit” é ainda o desfecho lógico da
legitimação dada pelos políticos da direita europeia ao discurso xenófobo e
anti-emigração da extrema direita, e que esses políticos neoliberais integraram
nos seus programas e discursos para se salvarem eleitoralmente.
A vitória do “Brexit” não foi a vitória dos defensores deste
discurso, porque estes estavam nos dois lados da barricada e a União Europeia,
em desespero, já tinha cedido, de forma oportunista e vergonhosa, às propostas
de Cameron que íam ao encontro dos desejos da extrema direita britânica em
relação a essa matéria. Não foi por isso o problema da emigração que pesou na
decisão final, mas o descrédito da União Europeia.
Cameron teve a nobreza de se demitir. Espera-se que os
arrogantes e irresponsáveis lideres da “troika” europeia (lideranças nunca
legitimadas democraticamente, como as do sr. Tusk, do, Conselho Europeu, do sr.
Juncker, da Comissão Europeia, e, o pior de todos, a do sr. Dijssolbloem do Eurogrupo),
saibam tira as devidas consequências e se demitam para permitir, não só renovar
essas instituições, como contribuir para criara condições de melhor controle
democrático das mesmas.
Infelizmente os primeiros sinais dados por essa gente não
são os melhores, como o revelam as afirmações, com a arrogância do costume, do
presidente do eurogrupo, o “trabalhista” (???) holandês Jeroen Dijssolbloem,
afirmando que “a Europa não está em pânico”
(uma afirmação que, analisada por um psiquiatra deve ser lida como uma
prova de que, pelo menos quem as declarou, está mesmo em “pânico”) e que,
desrespeitando a escolha democrática dos britânicos, a Grã-Bretanha escolheu a “instabilidade”,
mas a União Europeia deve “escolher outro caminho” (… nós já conhecemos o “caminho”
defendido pelo sr. Dijssolboem!!!) e, a rematar do alto de toda a sua
arrogância, conclui que não se deve “aprofundar” e alargar a União Europeia
(quando, a saída que resta ao projecto europeu, é aprofundá-lo, social,
democrática e economicamente).
A União Europeia e o seu generoso e ambicioso projecto
fundador está numa encruzinhada: ou continua a caminhar nas mãos do sr.Juncker,
do sr. Tusk, do sr.Dijssolbloem, sob a batuta do sr. Schauble, ou se livra
desses burocratas, ao serviço do corrupto poder financeiro europeu relançando,
sob novas lideranças, com instituições mais democráticas, os princípios da solidariedade,
igualdade, subsidiariedade, aprofundando o Estado Social europeu. Infelizmente
não se vislumbram no seio da União Europeia lideres com a envergadura para recolocarem o projecto europeu nos
carris.
Por outro lado, uma das consequências para a Grã-Bretanha
vai ser a legitimação dos desejos independentistas internos. Vai ser engraçado
ver os líderes europeus, que há apenas uns meses atrás usaram todo o tipo de
ameaças e chantagens para combater o desejo de independência da Escócia,
alterar agora, de forma oportunista, como de costume, a sua posição.
A procissão ainda vai no adro, mas a Europa, a partir de
hoje, não vai voltar a ser a mesma: ou é o início da sua desintegração, com
custos humanos muito elevados, ou é o início de uma nova etapa regeneradora, mas
que só pode ser feita varrendo a actual liderança e reformando profundamente o
funcionamento das suas instituições…
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