Numa perspectiva meramente conjuntural, as eleições em Espanha não correram assim tão mal para os defensores da austeridade imposta à Espanha pelo “politburo” de Bruxelas, e diligentemente aplicada pelo “soviete” local do sr Rajoy.
Comparando o terramoto eleitoral de 2015 com esta pequena réplica deste fim-de-semana, a direita, no seu conjunto (PP + “Cidadanos”) aumentou em número de votos e em número de deputados em relação à esquerda (PSOE+ Unido/Podemos).
A direita passou de pouco mais de 10 milhões e 700 mil votos no seu conjunto para pouco mais de 11 milhões.
Por sua vez a esquerda desceu de pouco mais de 10 milhões e 700 mil votos (poucas dezenas de milhar a mais do que a direita em 2015) para pouco menos de 10 milhões e 500 mil votos.
Em número de deputados, a direita no seu conjunto obteve 167 votos (137 do PP + 32 do “Cidadanos”) ficando a 9 votos a maioria absoluta, mais 4 deputados do que nas eleições de 2015 (123 para o PP+40 para o “cidadanos”) e a esquerda perdeu 3 deputados (PSOE desceu de 90 para 85 e o Unidos/Podemos subiu de 69 para 71, não chegando para compensar as descida dos socialistas).
Conjunturalmente o PP parece ter estancado a sua queda abrupta, recuperando mais de meio de milhão de eleitores face a 2015, cerca de 400 mil recuperados aos Cidadanos.
PSOE continua a sua queda, embora tenha estabilizado e mantido a
liderança da oposição de esquerda.
O Podemos não beneficiou da sua aliança com a Esquerda Unida, perdendo
quase 150 mil votos, mas consolida-se como uma força para o futuro, à espreita
de qualquer deslize do PSOE.O Cidadanos parece ter iniciado o seu declínio, revelando-se um fenómeno efémero, que apenas serviu para segurar o eleitorado do PP, que estava descontente com este partido, eleitorado esse que começa a regressar ao partido conservador. Quanto muito, talvez ambiciona ser uma espécie de "CDS" espanhol.
Também conjunturalmente Rajoy tem legitimidade para continuar a governar impondo em Espanha as ordens do “politburo” de Bruxelas.
Mas, se analisarmos os resultados de forma mais estrutural, comparativamente com o histórico e, principalmente com o resultado das eleições de 2011, a leitura é bastante diferente.
O que vemos é uma derrocada dos partidos do sistema, com o PP a perder
quase três milhões de eleitores entre 2011 e 2016 e o PSOE a perder milhão e
meio de leitores no mesmo período.
O Podemos torna-se uma grande força política, fixando mais de cinco
milhões de eleitores, mais do que a soma dos votos perdidos pelo PSOE (1,5
milhões) e os votos de 2011 da Esquerda Unida (mais de 1,5 milhões de votos),
enquanto o “Cidadanos” absorve os três milhões perdidos pelo PP.Há ainda que ter em conta a consolidação dos Partidos Nacionalistas, principalmente na Catalunha, fenómeno que se pode tornar problemático, principalmente se o “politburo” de Bruxelas, para se vingar do “Brexit”, decidir apoiar a independência da Escócia, deixando de ter argumentos para travar a independência da Catalunha.
Em Espanha, como na Europa, bem como no “Mundo”, os próximos tempos parecem bastante interessantes, principalmente quando alguns já vaticinavam o “fim da história”.!!!
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