A acusação de “populismo” serve, nos dias que correm, para quase tudo.
Os mais assanhados defensores do actual situacionismo Europeu, isto é,
os que defendem a desintegração do Estado Social Europeu, mesmo com a desculpa
que o fazem par o “salvar” e “aperfeiçoar” e os que defendem as decisões
antidemocráticas dos burocratas de Bruxelas, as tão apregoadas “reformas
estruturais” (leia-se, cortes salariais, cortes nas pensões, desintegração do
funcionalismo público, entregue aos negócios privados, onde pululam os boys do
centrão, a retirada de direitos sociais, considerados “resquícios comunistas”, e
as ajudas públicas ao corrupto sector financeiro), consideram “populistas”
todos os que se opõem a essa deriva “austoritária” da União Europeia.
Metem no mesmo saco os que defendem uma verdadeira reforma da Europa (que
realize uma verdadeira reforma das instituições europeias, democratizando-as, um
verdadeiro aperfeiçoamento do Estado Social e do sector público e do sistema de
pensões, uma melhoria das condições sociais e salariais dos trabalhadores
europeus, um controle efectivo sobre o sector financeiro e um combate
consequente à corrupção e às desigualdades sociais), e os populistas de extrema
direita (que visam, demagogicamente, aproveitar-se da crise dos refugiados e
dos atentados bombistas para toda uma campanha xenófoba e islamofóbica, com uma
critica “nacionalista” à União Europeia, procurando assim, e por agora por via
democrática, chegar ao poder e impor o seu programa de intolerância e perseguição
aos refugiados e, mesmo que o façam em nome do “combate à corrupção”,
facilitando a vida ao grande poder financeiro, em nome de atrair
“investimento”).
Mas o mais grave é quando os partidos do “centrão” europeu adoptam os
projectos da extrema direita com a desculpa de anular o avanço do populismo.
Enquanto continuarem a culpar o “populismo” pelos males da Europa, em
vez de olharem para a sua própria responsabilidade na crescente descrença dos
cidadãos europeus pelas instituições europeias, enquanto continuarem a acentuar
as desigualdades sociais, salvando o poder financeiro à custa da desintegração
do Estado Social e dos Direitos Sociais, enquanto continuarem a alimentar a
corrupção ética das elites politica do “centrão”, enquanto acharem que a melhor
maneira de combater o populismo é integrar partes dos seu programa anti-social
e xenófobo no programa e na acção dos partidos do sistema, legitimando o argumentário
populista, o verdadeiro populismo (que os mesmos não têm coragem de chamar pelo
nome: FASCISMO!) vai continuar a fazer o seu caminho e o eurocepticismo a crescer e a alimentar a
deriva populista.
Vejam lá se acordam! Ainda estão a tempo de salvar a "Europa" e melhorar a vida dos cidadãos europeus da deriva populista.
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