Segundo o relatório anual do Alto Comissário das Nações Unidas para os
Refugiados, ontem divulgado, em 2017 atingiu-se o número record de pessoas forçadas
a abandonar as suas casas.
Cerca de 69 milhões de pessoas tiveram de fugir a situações de guerra,
violência e perseguições, muitas delas provocadas pelas intervenções militares
do ocidente (como no Iraque, no Afeganistão, na Síria, na Líbia e um pouco por
toda a África).
Esse número dá uma média de 44 mil deslocados por dia.
Mas aquele que é o aspecto mais significativo desse relatório é o facto
de desmontar o mito segundo o qual a pressão dessas migrações é feita
principalmente sobre o Ocidente.
Na realidade 85% desses refugiados encontram-se e são acolhidos em países
do chamado Terceiro Mundo, muitos deles países muito pobres, mas onde, apesar
disso, são salvos, acolhidos e alimentados pela população pobre desses países.
Esse relatório é mais um contributo para desmontar o argumentário da extrema-direita
populista e xenófoba que domina já uma grande parte dos governos europeus.
Aliás, é significativo que as instituições europeias sejam muito rápidas a aplicar sanções a um país que ultrapasse uma décima de milésimo no deficit orçamental
e pura e simplesmente feche os olhos a atitude ignóbil de muitos países Europeus
em relação aos refugiados que cá chegam.
É também uma verdade que nos envergonha a todos, como Europeus, se não
soubermos acolher dignamente o pequeno número de refugiados, tendo em conta a
dimensão global do fenómeno, que escolhe a Europa para se abrigar das guerras e
fugir à miséria.
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