Cimeiras com a do G7 apenas servem para legitimar politicas financeiras
e comerciais ilegítimas e prejudiciais aos cidadãos do mundo.
A realização de tal cimeira, a coincidir com a anual reunião secreta de
Bilderberg ,não terá sido mera coincidência, e terá servido para coordenar os
esforços das elites “globalistas” mundiais para programarem a sua acção em prol
do obscuro interesse financeiros e económicos e para fazer frente às previsíveis
reacções populares.
Os cidadãos e a melhoria da suas condições de vida não costumam estar
na agenda dessas reuniões, antes pelo contrário.
Contudo o “furacão” Trump acabou por desviar a atenção sobre os
verdadeiros objectivos e decisões desse encontro dos mais poderosos do mundo.
Trump marcou a cimeira com duas questões: a forma como questionou a
liberdade de comércio e o modo como a Rússia foi expulsa dessa reunião.
E se, nestas duas questões, apesar de corresponderem a uma estratégia irresponsável
e errada, Trump até tivesse razão, apesar de tomar decisões de forma,
aparentemente, pouco racional ?
Claro que o título que usamos em cima é uma provocação.
Mas não nos deixamos de interrogar sobre a ausência dessa cimeira de
outras potências mundiais, como a Rússia e a China, isto já para não falar da
Índia, do Brasil ou da África do Sul.
É o velho mundo, decadente, abalado por crises que não consegue
resolver, mas que ainda mantém um grande peso económico, financeiro e militar,
o que está representado na cimeira do G7.
Por isso, não existe grande razão para isolar as potências emergentes
ou, no mínimo, tão decadentes como aquelas representadas nessa cimeira.
A justificação para afastar a Rússia podia ser usada para afastar ao Estados
Unidos, a Grã-Bretanha ou a França, todas envolvidas recentemente em intervenções
militares e financeiras, ou apoiando regimes párias, não legitimadas pela única organização internacional
com mandato legítimo, a ONU.
Por isso, e apesar de não nutrir qualquer simpatia por Putin, a afirmação de Trump em defesa da presença da Rússia tem toda
a razão de ser.
Mas, para mim, mais importante do que estar numa cimeira de países
decadentes e onde se tomam decisões ilegítimas, seria mais importante reforçar organizações
internacionalmente legítimas, como a ONU, começando por alargar o número de
países do Concelho de Segurança e o poder da Assembleia Geral.
No Conselho de Segurança, como membros permanentes, deviam ser incluídos
países como o Canadá, a Alemanha, a África do Sul, o Brasil e a Índia. E o
direito de veto devia ser revisto, aumentando o poder da Assembleia da ONU.
O que têm feito organizações como G7 e outras do género é tentar esvaziar
a importância da ONU, com todas as consequências que temos visto em termos de
instabilidade económica, social e politica mundial e de aumento das
desigualdades.
Também, na outra questão levantada por Trump , no que respeita à injustiça da organização do
comércio mundial, embora na forma irresponsável que é peculiar nesse líder,
também acaba por ter alguma razão.
A "liberdade de comércio", tal como está estabelecida, favorece os mais
fortes, desenvolve o dumping social, e agrava as desigualdades sociais.
O “comércio livre” baseia-se no acentuar das injustiças socias e na
destruição de direitos humanos e sociais, e é ela própria a principal
responsável pelo descalabro ambiental do planeta.
Também não se percebe que os que tanto defendem tal “liberdade” de
comércio, só aceitem essa liberdade para a circulação de capitais e
matérias-primas, mas imponham todo o tipo de restrições à liberdade de
circulação de pessoas, como se tem visto na actual crise dos refugiados .
Claro que não são estas as preocupações de Trump.
Mas teve pelo menos o mérito de agitar e desestabilizar uma cimeira que
apenas serve para aplicar as decisões politica impostas pelo sector financeiro,
de forma ilegítima.
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