Não sendo crente, embora baptizado, considero que a eleição
de um novo papa é importante pela influência que as suas acções podem ter em
sociedades, como a portuguesa, onde cerca de 80% dos seus habitantes se
declaram católicos.
Existem sempre duas áreas onde a acção e a influência de um
líder da Igreja me merece especial atenção: a relação com a sociedade e a politica,
por um lado, e a relação como os valores e os costumes, de outro.
Empiricamente costumo avaliar a maior ou menor simpatia
pessoal pelos membros da Igreja com base naqueles dois critérios. A Igreja
hoje, pelo menos em Portugal, tem uma atitude muito mais progressista em termos
sociais do que noutros tempos e tem tido um papel importante na denuncia dos
efeitos da austeridade sobre a vida dos cidadãos, para além de ter um papel
importante no apoio aos mais desfavorecidos.
Já no que respeita aos valores e costumes, nomeadamente em
temas como o aborto, a eutanásia ou a homossexualidade, estou radicalmente
em oposição com aquilo que essa igraja defende, embora reconheça que, neste
campo, me parece que a Igreja portuguesa tem, apesar de tudo, uma atitude mais
ponderada que aquela que nos chega do Vaticano e de outras Igrejas.
Por tudo isso fui daqueles que recebi com alguma simpatia inicial
a nomeação do cardeal argentino como papa. Na impressão do momento pareceu-me
uma pessoa ponderada, com sentido de humor, revelando alguma humildade,
fazendo-me lembrar a postura de um João XXIII ou de um João Paulo I.
Contudo, à medida que se foi conhecendo as atitudes passadas
do novo Papa, comecei a duvidar dessa primeira impressão.
Uma das situação mais obscuras desse passado prende-se com a
sua relação com a ditadura militar argentina no final do século passado.
Penso que essa deve ser uma das primeiras situações que o novo
papa deve aclarar para ganhar maior credibilidade junto de crentes e não
crentes.
Até lá deixamos aqui algumas notícias sobre esse passado, referido por várias fontes latino-americana. Embora não abonando muito a favor
do seu passado, não deixam de ser significativas, contudo, as afirmações do antigo padre
brasileiro, Leonardo Boff, a figura mais mediática da chamada Teologia da
Libertação, em defesa do passado do papa Francisco:
- a crónica de Horacio Verbitsky sobre o passado do actual papa pode ser lido AQUI;
- Estela de La Cuadra, tia de um bébé desaparecido durante a ditadura militar, denuncia AQUI a atitude cobarde do actual papa em relação ao pedido de ajuda da sua famíla na época da ditadura militar argentina;
- a imprensa argentina, afecta à actual presidente, denuncia AQUI a atitude do agora papa em relação á ditadura militar;
- e, por último, as afirmações de Boff em defesa do papa e contestando aquelas acusações.
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