O que se passou este fim de semana na reunião dos ministros
das finanças do Eurogrupo é inqualificável.
Livres da liderança sensata de um Claude Juncker, o bando de
assaltantes em que se tornaram os ministros das finanças da União Europeia
decidiram fazer aquilo a que ninguém se tinha atrevido fazer desde os anos 30
num país democrático e civilizado, o de ir às pequenas poupanças dos seus cidadãos para pagar o
resgate dos bancos.
Foi essa a decisão tomada em relação a Chipre, decisão
tomada cobardemente a coberto da madrugada de Sábado, quando toda a gente
dormia e os bancos estavam fechados.
Decidiu essa quadrilha de assaltantes do Eurogrupo que taxar
directamente os depósitos dos cidadãos cipriotas, fosse qual fosse o montante
depositado, ou seja, depósitos inferiores a 100 mil euros serão imediatamente
saqueado em quase 7% do valor que lá tiver,
assalto que sobe para os 10% para valores acima dessa quantia.
Como afirma hoje Rui Tavares na sua crónica do Público, essa
decisão profana “o território sagrado de garantias bancárias para os pequenos
aforradores, que desde Roosevelt têm servido para impedir corridas aos bancos”.
Já este fim-de-semana
Sharon Bowles, presidente da
comissão dos assuntos económicos e monetários do Parlamento Europeu,
manifestou-se “horrorizado” com esta “retirada do dinheiro dos depositantes”
cipriotas, por roubar aos “pequenos investidores” a “protecção que lhes foi
prometida”, acrescentando que “se fosse um banco “ a fazer isto, estaria “ em
tribunal por venda enganosa”.
Está provado que, com esta gentalha que temos a dirigir os
destinos Europeu nada está garantido, os compromisso assumidos com os cidadãos
nada valem e tudo passa a ser possível.
Também se escrevia ontem nas páginas do Público que aquela
irresponsável decisão, além “de ter rebentado com a protecção dos depósitos até
100 mil euros”, uma garantia que estava assegurada desde longa data, “quebra
outra regra sagrada: até ontem os membros garantiram firmemente que a
participação dos privados no programa de ajuda à Grécia – através de perdas
impostas aos detentores privados da dívida – constituía um caso único e
irrepetível nos outros países sob programa de ajuda”.
A quebra continuada da palavra e dos compromisso por parte
desses bandidos também não pode descansar os cidadãos de países da
Europa, como Portugal, quando agora ouvem da boca dessa gente sem palavra e sem
vergonha que “medidas semelhantes” às tomadas em Chipre “não estão a ser
equacionadas para outros países”!!!.
Que aquela ideia tivesse surgido na cabeça de um dos muitos
loucos e irresponsáveis que lideram países da União Europeia, ainda se podia
perceber. Que em defesa dessa medida logo tivessem aparecido a srª Lagarde, a
srº Merkel, o idiota Rampuy e o tenebroso Ollie Rhen, é a prova acabada que
esta não foi apenas uma decisão desastroso ou tomada de forma apressada e
leviana, mas foi sim uma decisão pensada e “responsável” por parte dessa gente
e que, se resultar em Chipre, que pode funcionar como cobaia, será aplicada em
países como Portugal.
A partir de agora, quem puder, deve rapidamente deixar de
investir nos países da zona euro, trocar a moeda em euros por outra moeda que
lhe dê mais garantias e não se deve preocupar em poupar seja o que for, muito
menos em euros, porque, mais tarde ou mais cedo, sabendo-se que o fracasso das
medidas de austeridade vai obrigar a novos resgates, esta medida tomada em
Chipre vai servir de modelo e é uma forma “fácil” de sacar o dinheiro aos cidadãos.
Essa gente que está á frente dos destinos da Europa não hesitará em estender
aquela medida a outros países europeus.
Está lançada a desconfiança sobre o Euro, marcando-se assim,
desta forma criminosa e irresponsável, a irreversibilidade da decadência dessa
moeda.
É tempo dos cidadãos europeus, em especial os dos países do Sul se unirem e procurem, não só alternativas a este descalabro económico-social como à aplicação daquela medida para outros países, como defende o interessante artigo que transcrevemos em baixo:
Dominio público » El ‘experimento Chipre’: depósitos acorralados por rescates bancarios
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