A minha opção está tomada, como podem ver aí ao lado, mas a razão deste post é outra.
Não é um apelo ao voto, mas um apelo ao bom senso, nomeadamente a quem
é de bom senso.
Infelizmente, e esta é uma fraqueza da democracia (apesar de tudo, o
melhor de todos os sistemas até hoje inventado) é permitir que a decisão final
não pertença a quem tem ideias ou convicções, mas às “maiorias silenciosas” e
aos “indecisos”.
Essas maiorias silenciosas e esses indecisos votam por instinto, muitas
vezes com os pés, raramente com a cabeça.
Sendo estas umas das eleições mais disputadas de sempre, seria bom que,
pelo menos desta vez, essa decisiva maioria silenciosa de indecisos usasse a
cabeça e não se deixasse influenciar pela berraria, pela graçola, pela gafe ou
…pelas sondagens e que, pelo menos uma vez, usasse a cabeça e tentasse perceber
o que está em causa, e as diferenças de fundo entre as várias forças políticas.
Vamos a factos.
A epidemia trouxe ao de cima muitas das fragilidades do país, das quais
destaco o impacto do desinvestimentos na saúde, nas escolas e na nos
transportes públicos, resultado, não da Troika, com quem foi assinado um acordo
que não previa muitas das medidas que acabaram por ser impostas, mas do fanatismo
ideologico neoliberal do “ir além da Troika”, este, sim, responsável pelo
desinvestimento na saúde, na educação e nos serviços públicos em geral.
No caso dos transportes públicos, a degradação vinha de mais longe, do tempo
do cavaquismo, onde, em nome do “crescimento”, quase se destruiu todo o
aparelho produtivo nacional.
Apesar de tudo, foi o SNS, e não o sector de saúde privado, que
aguentou, e continua a aguentar, o desgaste sanitário provocado pela pandemia.
Mas há mais.
Outra área, cuja debilidade ficou evidente, foi o da habitação, onde a
situação se degradou com a especulação crescente ligada ao impacto dos vistos
gold e de um turismo descontrolado, tornando o direito à habitação um luxo
pelos preços incomportáveis das vendas e das rendas, criando um problema para
muita gente, principalmente atirando trabalhadores e jovens para a periferia
das grandes cidades.
Outro problema é o da terceira idade. Ficou a nu a situação da vida nos
lares e a marginalização social de grande parte dos idosos, atirando-os para
autênticas salas de espera para os cemitérios, ainda por cima pagas a preço de
ouro, um dos grandes negócios do momento, sem que isso se repercuta na
qualidade e, principalmente, na humanidade.
Outro problema que ficou evidente foi o da precariedade do emprego e o
dos baixos salários, resultado da desregulação laboral dos tempos do “ir além
da Troika”.
Há ainda outras questões dignas de atenção, a questão ambiental, que põe em causa o modelo económico dominante, e a gestão do apetecido bolo do PRR, que não deve ser deixado, como aconteceu no passado com outros fundos, na mão dos boys do centrão, sem controle, ou na mão dos sector financeiro.
O exercício que eu proponho aos indecisos da maioria silenciosa é que
olhem, com olhos de ver, para os programas dos vários partidos e procurem
perceber o que cada um propõe para
enfrentar e resolver os problemas acimas mencionados.
De certeza que terão boas surpresas e vão repensar o voto, isto se, em vez de votarem com os pés, resolverem votar com a cabeça...mesmo que a vossa cabeça tenha uma cor diferente da minha!
Sem comentários:
Enviar um comentário