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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Votar com a cabeça ou votar com os pés?


A minha opção está tomada, como podem ver aí ao lado, mas a razão deste post é outra.

Não é um apelo ao voto, mas um apelo ao bom senso, nomeadamente a quem é de bom senso.

Infelizmente, e esta é uma fraqueza da democracia (apesar de tudo, o melhor de todos os sistemas até hoje inventado) é permitir que a decisão final não pertença a quem tem ideias ou convicções, mas às “maiorias silenciosas” e aos “indecisos”.

Essas maiorias silenciosas e esses indecisos votam por instinto, muitas vezes com os pés, raramente com a cabeça.

Sendo estas umas das eleições mais disputadas de sempre, seria bom que, pelo menos desta vez, essa decisiva maioria silenciosa de indecisos usasse a cabeça e não se deixasse influenciar pela berraria, pela graçola, pela gafe ou …pelas sondagens e que, pelo menos uma vez, usasse a cabeça e tentasse perceber o que está em causa, e as diferenças de fundo entre as várias forças políticas.

Vamos a factos.

A epidemia trouxe ao de cima muitas das fragilidades do país, das quais destaco o impacto do desinvestimentos na saúde, nas escolas e na nos transportes públicos, resultado, não da Troika, com quem foi assinado um acordo que não previa muitas das medidas que acabaram por ser impostas, mas do fanatismo ideologico neoliberal do “ir além da Troika”, este, sim, responsável pelo desinvestimento na saúde, na educação e nos serviços públicos em geral.

No caso dos transportes públicos, a degradação vinha de mais longe, do tempo do cavaquismo, onde, em nome do “crescimento”, quase se destruiu todo o aparelho produtivo nacional.

Apesar de tudo, foi o SNS, e não o sector de saúde privado, que aguentou, e continua a aguentar, o desgaste sanitário provocado pela pandemia.

Mas há mais.

Outra área, cuja debilidade ficou evidente, foi o da habitação, onde a situação se degradou com a especulação crescente ligada ao impacto dos vistos gold e de um turismo descontrolado, tornando o direito à habitação um luxo pelos preços incomportáveis das vendas e das rendas, criando um problema para muita gente, principalmente atirando trabalhadores e jovens para a periferia das grandes cidades.

Outro problema é o da terceira idade. Ficou a nu a situação da vida nos lares e a marginalização social de grande parte dos idosos, atirando-os para autênticas salas de espera para os cemitérios, ainda por cima pagas a preço de ouro, um dos grandes negócios do momento, sem que isso se repercuta na qualidade e, principalmente, na humanidade.

Outro problema que ficou evidente foi o da precariedade do emprego e o dos baixos salários, resultado da desregulação laboral dos tempos do “ir além da Troika”.

Há ainda outras questões dignas de atenção, a questão ambiental, que põe em causa o modelo económico dominante, e a gestão do apetecido bolo do PRR, que não deve ser deixado, como aconteceu no passado com outros fundos, na mão dos boys do centrão, sem controle, ou na mão dos sector financeiro.

O exercício que eu proponho aos indecisos da maioria silenciosa é que olhem, com olhos de ver, para os programas dos vários partidos e procurem perceber o que cada um propõe  para enfrentar e resolver os problemas acimas mencionados.

De certeza que terão boas surpresas e vão repensar o voto, isto se, em vez de votarem com os pés, resolverem votar com a cabeça...mesmo que a vossa cabeça tenha uma cor diferente da minha!

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