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terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Como conheci o libertino Luís Pacheco


A propósito da recente efeméride do seu falecimento, recordada pelo meu amigo Custódio Catarino, veio-me à memória o momento, aí pelos finais da década de 1970, ou inicio da década seguinte, em que me cruzei com o escritor libertino Luís Pacheco.

Já o conhecia da leitura dos seus textos, publicados em “Textos de Circunstância” e acompanhava-os, com o entusiasmo de um jovem à descoberta do “mundo”, nas suas crónicas publicadas no saudoso suplemento literário “Letras e Artes” do Diário Popular.

Mais tarde li a obra mais polémica de Pacheco, “O libertino passeia por Braga, a idolátrica, o seu esplendor”, escrito em 1961 e editado em 1970, e que lhe provocou muitos problemas com a PIDE e a Censura.

Foi assim que, certo dia, na Feira do Livro, o meu amigo e colega de faculdade, o saudoso  Manuel Hermínio Monteiro, então a dirigir a Assírio & Alvim, me apresentou ao Luís Pacheco.

Durante uma hora, ou pouco menos, andámos os três a percorrer a feira, e a assistir às “performances” de Pacheco, abordado por jovens fãs, que lhe pediam autógrafos.

Em certa altura o Hermínio vira-se para mim e diz-me : “repara no que ele está a escrever nas dedicatórias”. Olhei com atenção e então vi-o, em vez de escrever um texto com dedicatória por si assinada, o Luís Pacheco, com ar malicioso e divertido, a desenhr grandes falos nas folhas da dedicatória. Depois fechava o livro e entregava-o às jovens fãs, que lá seguiam todas entusiasmadas como “autógrafo”, não suspeitando ainda da marosca.

Voltei a vê-lo, anos depois, mais à distância, à mesa de um café aqui em Torres Vedras, (Café Avenida (?), frente à actual Câmara). Fiquei saber que ele estava “hospedado” no Hospital do Barro, por sofrer de tuberculoso. Dessa estadia resultou um livro seu intitulado “Textos do Barro”, editado em 1984.

Recentemente, já depois de ter falecido (em 5 de Janeiro de 2008), foi editado o Diário Remendado – 1971-1975, obra onde ele revela a sua visão do 25 de Abril e do PREC,  talvez uma das mais interessantes descrições desses tempos de descoberta e entusiasmo.

Para quem não o conhece, mas ainda mais para quem o conhece, aqui vos deixo uma excelente reportagem sobre o libertino Luís Pacheco:

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