A propósito da recente efeméride do seu falecimento, recordada pelo meu amigo Custódio Catarino, veio-me à memória o momento, aí pelos finais da década de 1970, ou inicio da década seguinte, em que me cruzei com o escritor libertino Luís Pacheco.Já o conhecia da leitura dos seus textos, publicados em “Textos de Circunstância” e acompanhava-os, com o entusiasmo de um jovem à descoberta do “mundo”, nas suas crónicas publicadas no saudoso suplemento literário “Letras e Artes” do Diário Popular.
Mais tarde li a obra mais polémica de Pacheco, “O libertino passeia por
Braga, a idolátrica, o seu esplendor”, escrito em 1961 e editado em 1970, e que
lhe provocou muitos problemas com a PIDE e a Censura.
Durante uma hora, ou pouco menos, andámos os três a percorrer a feira,
e a assistir às “performances” de Pacheco, abordado por jovens fãs, que lhe
pediam autógrafos.
Em certa altura o Hermínio vira-se para mim e diz-me : “repara no que
ele está a escrever nas dedicatórias”. Olhei com atenção e então vi-o, em vez
de escrever um texto com dedicatória por si assinada, o Luís Pacheco, com ar
malicioso e divertido, a desenhr grandes falos nas folhas da dedicatória.
Depois fechava o livro e entregava-o às jovens fãs, que lá seguiam todas
entusiasmadas como “autógrafo”, não suspeitando ainda da marosca.
Voltei a vê-lo, anos depois, mais à distância, à mesa de um café aqui
em Torres Vedras, (Café Avenida (?), frente à actual Câmara). Fiquei saber que
ele estava “hospedado” no Hospital do Barro, por sofrer de tuberculoso. Dessa
estadia resultou um livro seu intitulado “Textos do Barro”, editado em 1984.
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