O Estado australiano tomou uma posição exemplar e corajosa ao impedir um negacionista como o tenista Djokovic de participar no open da Austrália.
Pelo que se sabe, o Estado francês vai tomar decisão idêntica em
relação à participação do mesmo tenista no Roland Garros.
O caso Djokovic é exemplar da postura arrogante de certas figuras
públicas que se acham acima da lei e, mais grave ainda, incentivam
comportamentos condenáveis, como a recusa da vacinação.
Claro que cada um é livre de seguir atitudes idiotas e irresponsáveis,
mas não é livre de por em risco a segurança dos outros.
Além disso, se quer recusar a vacina, tem de submeter às consequências
legais, tal como acontece com um condutor que insiste em conduzir sem carta ou com
excesso de álcool.
Mas a atitude de Djokovic foi ainda mais grave, ao incentivar
manifestações de negacionistas no país que o recebeu, tornando-se uma espécie
de símbolo para essa gente.
A responsabilidade de figuras como Djokovic é tanto maior, quanto deve a sua
fortuna e a sua fama ao facto de ser uma figura pública.
Recordo aqui um texto de António Guerreiro, no Público de 14 de Janeiro
(suplemento ìpsilon”), onde explicava de onde vem a fortuna dessas figuras
públicas:
“(…) uma grande parte dos rendimentos gerados pela nossa economia não
remuneram nenhuma forma de trabalho”, referindo-se à actividade financeira, mas
também aos “muitos rendimentos salarias que não são justificáveis pela
quantidade e pela qualidade do trabalho investido. Há quem ganhe milhões só
pelo facto de conseguir atrair a atenção dos outros a nível mundial. É o caso
de certas vedetas pop ou de desportistas (…) por maior mérito que tenham. O
Rendimento milionário que auferem devem-se em grande parte ao trabalho dos
outros: o trabalho que consiste em prestar-lhes atenção”.
Djokovic está neste caso e, por isso, a sua responsabilidade pública é
acrescida.
O exemplo que ele deu aos seus admiradores foi o da aldrabice, da
falsificação e, pior ainda, o de justificar atitude que põem em risco a saúde publica.
Só isso devia ser suficiente para ser erradicado ou fortemente penalizado
da actividade a que se dedica, já que ele só existe através dos mecanismo da
fama, ou então, que se deixasse de dar atenção às suas atitudes irresponsáveis.
Aliás, a fortuna de gente como essa, contrata com gente de outras área
desportivas, onde é necessário investir um grande esforço, como, por exemplo, na
patinagem artística no gelo, cujo campeonato europeu decorreu no último
fim-de-semana e onde a vencedora teve um prémio de…20 mil euros …e a 6ª
classificado um prémio ainda mais reduzido…3 mil euros, .
Nada que se compare ao rendimento milionário de figurões como Djokovic, só para exibir o seu mau feitio e a sua arrogância num court de ténis, ou, pior ainda, em público.
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