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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Os Aeronautas – Ciência e Aventura


“Os Aeronautas”, realizado por Tom Harper, é um filme competente, sem grandes riscos em termos cinematográficos,  baseado em factos reais, mas ficcionados.

Retrata um século XIX, aberto à curiosidade científica e à aventura da descoberta, cruzando-se aqui os dois mundos.

Eddie Redmayne, no papel do pioneiro da meteorologia James Glashier, figura que existiu na realidade, e Felicity Jones, no papel da balonista Ameli Wren, figura ficcionada que reúne em si as características de vário balonistas da época, partem numa épica à conquista dos céus e das alturas, num balão, o primeiro pela curiosidade científica, a segunda em busca da adrenalina de uma aventura arriscada que a redima do passado.

Ambos os actores já se tinham encontrado noutro filme, mais importante do que este, "A Teoria de Tudo", sobre a vida de um outro cientista, Stephen Hawking.

Quase todo o filme passa-se no cesto de um  balão, no ano de 1862, enfrentando condições meteorológicas adversas e arriscando a vida numa aventura desconhecida, entre-cortada por flashbacks sobre a vida passada dos personagens, onde se revelam as motivações de cada uma para essa aventura quase suicida.

O mais motivante neste filme é percebermos a grande diferença entre um século, como o XIX, marcado pela curiosidade científica e pela aventura da descoberta de novos limites, desafiando tudo o que se conhecia e arriscando a vida em prol do conhecimento, e o século do espectador, este século XXI,  marcado pela ignorância arrogante das redes sociais e pelas certezas absolutas  que não passam do nosso umbigo e do  nosso horizonte visual, confortáveis em mentiras cómodas, onde cada uma considera que a sua ignorância tem o mesmo valor das certezas científicas, como se tem visto por aí, a propósito das questões do clima, talvez não por acaso, o tema base de "Os Aeronautas".

Só por isto, vale a pena ver o filme.

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