“Os Aeronautas”, realizado por Tom Harper, é um filme
competente, sem grandes riscos em termos cinematográficos, baseado em factos reais, mas ficcionados.
Retrata um século XIX, aberto à curiosidade científica e à aventura da
descoberta, cruzando-se aqui os dois mundos.
Eddie Redmayne, no papel do pioneiro da meteorologia James Glashier,
figura que existiu na realidade, e Felicity Jones, no papel da balonista Ameli
Wren, figura ficcionada que reúne em si as características de vário balonistas
da época, partem numa épica à conquista dos céus e das alturas, num balão, o
primeiro pela curiosidade científica, a segunda em busca da adrenalina de uma
aventura arriscada que a redima do passado.
Ambos os actores já se tinham encontrado noutro filme, mais importante do que este, "A Teoria de Tudo", sobre a vida de um outro cientista, Stephen Hawking.
Quase todo o filme passa-se no cesto de um balão, no ano de 1862, enfrentando
condições meteorológicas adversas e arriscando a vida numa aventura
desconhecida, entre-cortada por flashbacks sobre a vida passada dos personagens, onde se revelam as motivações de cada uma para essa aventura quase suicida.
O mais motivante neste filme é percebermos a grande diferença entre um
século, como o XIX, marcado pela curiosidade científica e pela aventura da descoberta de novos
limites, desafiando tudo o que se conhecia e arriscando a vida em prol do
conhecimento, e o século do espectador, este século XXI, marcado pela ignorância arrogante das redes
sociais e pelas certezas absolutas que
não passam do nosso umbigo e do nosso
horizonte visual, confortáveis em mentiras cómodas, onde cada uma considera que
a sua ignorância tem o mesmo valor das certezas científicas, como se tem visto por aí, a propósito das questões do clima, talvez não por acaso, o tema base de "Os Aeronautas".
Só por isto, vale a pena ver o filme.
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