Os líderes mundiais voltam, mais uma vez, a encontrar-se, para debater
o que fazer face ao rápido agravamento das alterações climatéricas, no “COP 25”,
em Madrid.
Hoje começam a ser evidentes os avisos iniciados por alguns, poucos, aí
pela década de 70 do século passado.
Em Portugal tivemos um pioneiro Movimento Ecológico Português, liderado
por Afonso Cautela, então olhado por muitos como um lunático de quem se devia desconfiar.
Hoje já ninguém se ri quando se fala das alterações climatéricas,
provocadas pela exploração desenfreada dos recursos naturais.
O que espanta hoje é que a liderança das grandes nações, aquelas que
podem fazer alguma coisa para travar ou retardar a catástrofe ecológica, estejam ocupadas por gente ignorante e criminosa como um Trump, um Putin, ou um
Bolsonaro.
Os Estados Unidos, a Ucrânia e a Rússia, sabe-se agora, nada têm feito
para travar a situação, ao mesmo tempo que os mesmos Estados Unidos, a China e
a Índia, continuam a aumentar a poluição global, juntando-se a atitude criminosa
das autoridades brasileiras na festa da destruição do planeta, como se tem
visto na grave situação da Amazónia.
Já nos idos de 1970 alguns, raros, alertavam para o resultado de uma
sociedade totalmente entregue à voracidade dos “mercados” e da exploração dos
recursos naturais, situação que se agravou rapidamente com a expansão do
neoliberalismo.
Embora ainda hoje alguns o tentem negar, há uma relação directa entre a
expansão do capitalismo selvagem e consumista imposto pelo dominante modelo neoliberal e o
agravamento das condições atmosféricas, que chegaram a um patamar que colocam
em risco a sobrevivência da vida da Terra.
Madrid é talvez a ultima oportunidade de se reverter essa situação e de
todos escolherem se querem ou não ficar do lado certo da história.
Já se sabe de que lado vão ficar um Trump, um Bolsonaro, um Putin ou um
Ji Ping, ao lado de um Hitler ou de um Stalin no julgamento que a história fará
dos seus actos criminosos, com dimensão diferente, mas todos criminosos.
E ao lado dessa gente já se prefiguram empresas, comentadores e outros políticos, como se vê todos os dias
(veja-se a reacção de alguns em relação à atitude corajosa de uma Greta Thunberg).
Se os líderes mundiais presentes em Madrid querem de facto fazer alguma
coisa que não passe das meras palavras de circunstância, politicamente
correctas, têm de mostrar coragem para enfrentar aqueles monstros, a mesma coragem
que, noutras circunstâncias e noutro momento crucial para a humanidade, teve um
Churchill .
Para além de medidas com efeito imediato, há que ter a coragem de criar
um Tribunal Penal Internacional para os crimes ambientais, contra os líderes
políticos e empresariais que contribuam para boicotar a salvação do planeta ou
para aumentar, com as suas atitudes, o agravamento das condições climatéricas.
No mínimo deve sair uma decisão para cortar todos os benefícios fiscais, ou outros, sobre actividades empresariais poluentes ou sobre politicas que protejam essas actividades e
boicotar os países que continuam a contribuir, de forma deliberada, para o agravamento
da situação.
Este é o momento certo para separar as águas, entre os que estão do
lado da ciência, da humanidade e da razão, com convicção, dos meros cínicos de
circunstância, apenas interessados em navegar a “moda” do momento, ficando-se pelas
palavras “politicamente correctas”, e dos verdadeiros criminosos, como aquele
que mencionámos.
Os cidadãos, preocupados com o futuro dos seus filhos e do planeta, agradeciam
que, de uma vez por todas, fossem consequentes e convictos e que aqueles
criminosos começassem a pagar pelos seus crimes e que se passasse das bonitas palavras de circunstância aos actos.
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