Acaba de sair para as bancas o último número da revista Blitz.
Revista fundada em 1984, então em formato de jornal e semanário,
tornou-se na principal revista de referência dos amantes da musica popular.
Por esse tempo, participando no movimento das rádios locais, a compra
regular das edições semanais do jornal era um momento fundamental para
acompanhar as novidades e revelações do mundo da musica, auxiliar fundamental
para quem mantinha programas de rádio que procuravam ser originais, embora
esses programas procurassem ser muito mais que um gira discos radiofónicas.
Graças ao Blitz descobri muitos dos grupos que me acompanharam como “banda
sonora” desses dias das décadas de 80 e 90.
Mais tarde o Blitz transformou-se em revista e mensário e deixei de a
acompanhar com a regularidade da sua fase anterior, até porque os meus
interesses se viraram para outros temas e me desiludi depressa das rádios
locais, que perderam toda a sua irreverência, criatividade e novidade.
Hoje o Blitz despede-se dos seu leitores, editando a última edição em
papel, embora mantendo uma edição digital.
E despede-se em grande, reproduzindo um longa e inédita entrevista com
o Zé Pedro, onde ele se refere ao célebre concerto dos Xutos, na praia de Santa
Cruz, ao qual me referi em post anterior (AQUI).
É com um excerto dessa referência que me despeço deste original
projecto editorial, mais uma vitima dos “novos tempos” digitais:
“Lembro-me que, num dois primeiros concertos que tivemos, com os Minas
& Armadilhas, no antigo Casino da Praia de Santa Cruz, as bandas dormiam no
palco. Tocávamos duas noites e nem saiamos dali. De manhã eu e o Kalú estávamos
a ressacar e, entre cervejas eu digo-lhe: “nós vamos ser a melhor banda de
Portugal. Ainda havemos de fazer a primeira parte dos Rolling Stones, vais ver.
Escreve aquilo que te estou a dizer: vamos ser abanda número 1 em Portugal”. E
isto no segundo ou terceiro concerto que demos. Não sei como explicar, mas
tinha essa convicção e incutia isso neles. E quando fizemos a primeira parte
dos Rolling Strones, o Kalú lembrou-se: “dissemos isto há anos!” (…)”.
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