A subida espectacular da extrema-direita nas eleições
municipais francesas é apenas mais uma etapa na crescente influência eleitoral
dessa corrente política, um pouco por toda a Europa, da Ucrânia à Grécia, da
Holanda à Suécia..
Dada a falência generalizada do projecto europeu e da
democracia, incapazes de garantirem a continuidade de um mínimo de qualidade de
vida a muitos dos seus cidadãos,
incapazes de combaterem o desemprego jovem, desistindo da defesa dos direitos sociais, reduzindo a democracia a
uma mera formalidade, entregando-se ao ditames da alta finança, aumentando as
desigualdades sociais, destruindo a classe média, não é de admirar que a
demagogia extremista vá fazendo o seu caminho.
Quando a própria União Europeia sustenta instituições não-democráticas,
como a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu ou o Eurogrupo, com poderes que se sobrepõem aos parlamentos
eleitos e à vontade dos cidadãos, sem qualquer controle democrática, tomando
decisões ditadas pelo poder financeiro, é a credibilidade democrática que sai
enfraquecida.
A direita, para se manter no poder, integra muitos dos princípios
e dos valores dessa extrema-direita, apadrinhando leis xenófobas e anti-sociais,
responsabilizando-se por uma política “austeritária” que aumenta o desemprego,
precariza o trabalho, retira direitos socias, desvaloriza os salários,
empobrece os cidadãos, vulgarizando assim o ideário sócio-politico dessa
extrema direita e tornando-a “respeitável”.
A esquerda, principalmente a social-democrata, também tem
responsabilidades acrescidas no crescimento da extrema direita, pela forma como
se tem entregue nos braços do ideal neo-liberal, incapaz de se apresentar com
um projecto em defesa dos direitos sociais e de afrontar os interesses do
sector financeiro, deixando-se corromper por este.
Não é assim de admirar que a democracia se corrompa, levando
ao crescimento de tendência políticas antidemocráticas, mas que se sabem servir
da própria democracia para atingirem os seus fins.
Os resultados eleitorais da extrema-direita em França, e que
se irão repetir um pouco por toda a Europa nas próximas eleições para o
parlamento europeu são apenas um pequeno aviso da tempestade que se aproxima, semeada
pelos ventos da austeridade imposta pela Comissão Europeia aos cidadãos deste
velho continente.
A propósito deste tema, divulgamos em baixo um muito
interessante artigo de opinião publicado ontem no blogue "A Face Oculta da Terra":
A FACE OCULTA DA TERRA: Eles andam aí...: Os resultados de Marine Le Pen, na primeira volta das eleições municipais em França, não devem espantar-nos.
1 comentário:
Sinto bem na pele...com familiares da ex URSS...a quem é negado o direito de cidadania....uma sogra da Ucrania..esposa da Moldavia...sogro da Russia..finalmente com filho portugues.Uma amalgama de cidadanias perdidas no tempo...que fazem historia.
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