Se olharmos para a evolução da Igreja portuguesa nos últimos dezasseis anos, aqueles que correspondem ao “mandato” de D. José Policarpo como patriarca de Lisboa, o balanço é genericamente positivo, do ponto de vista de um cidadão que, como eu, não sendo católico, reconhece a influência social e cultural da Igreja na história portuguesa.
De facto, nas últimas décadas, a Igreja portuguesa esteve alguns passos
à frente do conservadorismo histórico e dominante na hierarquia católica,
revelando um espírito aberto aos grandes debates sociais e culturais
contemporâneos, mantendo-se contudo fiel a princípios com os quais pessoalmente
não me identifico, como, por exemplo, nas questões mais polémicas do aborto ou
da homossexualidade.
Mas a Igreja tem sabido ser uma voz activa na defesa dos mais
desfavorecidos e no combate às desigualdades socias, e esta evolução deu-se em
Portugal duranta a liderança de D. José Policarpo.
Esta percepção de uma certa dose de progressismo social por parte da
Igreja portuguesa actual foi, contudo, abalada durante as últimos anos, em
parte porque D. Policarpo se pautou, nos últimos tempos por declarações polémicas,
remando contra a própria evolução que a Igreja conheceu, colocando-se muitas
vezes ao lado da retórica “social” do actual governo , justificando as
injustiças cometidas em nome da troika ou a retórica argumentativa dos portugueses que “viviam acima das suas
possibilidades” , em parte porque a chegada de um papa
como o papa Francisco ultrapassou pela “esquerda” a própria imagem progressista da Igreja
portuguesa.
Seja como for, a Igreja portuguesa nunca mais será a mesma depois da
passagem de D. José Policarpo pelo
patriarcado de Lisboa.
Em sua homenagem aqui deixamos um texto de , Sérgio de Almeida Correia hoje publicado no blogue "Delito de Opinião":
Um pouco mais sós - Delito de Opinião(clicar para ler)
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